“Há ciganos que vivem na clandestinidade étnica”

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Quantos ciganos vivem do Rendimento Social de Inserção no país?

Segundo os estudos, 3,9 por cento, entre os 280 mil beneficiários. Segundo dados governamentais, os ciganos, em Portugal, são 50 mil. (…) Portanto, o melhor bode expiatório são as comunidades ciganas.

Vistos os números por outro prisma, eles podem ter outra leitura.

São nove mil ciganos que vivem de apoios do Estado.

Ou seja, cerca de 10 por cento.

Sim. Mas temos de ir à génese de uma boa interpretação, que é a de que 30 por cento da população cigana portuguesa vive em habitações muito precárias. Sendo assim, são as comunidades mais pobres entre os portugueses; sendo as comunidades mais pobres, têm de ser apoiadas por uma política para pobres.

Existe a ideia de que os ciganos não votam…

A maior parte das comunidades ciganas trabalha ao domingo, nas feiras, e a maioria das feiras dura todo o dia todo. É por isso que não votam, mas temos uma boa parte a votar, aqueles que fazem feiras até à uma ou duas da tarde. O nosso grupo ativo fez uma proposta ao município [da Figueira da Foz], e vamos ter três pessoas nas mesas de votos, para chamar mais pessoas. Como vê, também arranjamos estratégias para promover mais integração política dos ciganos.

Há racismo em Portugal?

Portugal é um país racista.

Quantos ciganos residem na Figueira da Foz?

Entre 800 e 900. Dispersos, por várias zonas do concelho, o que é muito bom [para a sua integração e interação com outras etnias].

Quais são os problemas com que se deparam?

Existem muitos. O principal é o acesso ao mercado de trabalho. Todos os dias recebemos telefonemas, o Grupo Ativo e o ROMED, de jovens e de outras idades a perguntarem se há possibilidades de lhes arranjar emprego. A câmara tem sido um bom exemplo, para dar uma alavanca.

E o setor privado, como tem reagido?

É muito resistente. Temos jovens, muitos deles sem traços físicos ciganos, que estão numa clandestinidade étnica. Portanto, não se afirmam como ciganos [por medo de serem despedidos]. Para nós, enquanto ativistas e dirigentes associativos, é triste, porque eles podiam ser um exemplo de que existem ciganos inseridos no mercado laboral. Vamos tentar sensibilizar a Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz, porque, se não conversarmos, vai ser ainda mais difícil.

Esta entrevista pode ser vista, na íntegra, na Figueira TV

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