Opinião: A América de Trump, o Acordo de Paris, a China e o resto do Mundo

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Gil Patrão

O Clube de Roma encomendou ao MIT um relatório que em 1972 alertou para a necessidade de preservar o planeta e evitar o uso desregrado de recursos naturais, energias fósseis e processos industriais poluentes que maltratem o ambiente com os resíduos de laboração, emissão de gases nocivos e demais efluentes, com os problemas advenientes.

Mas ainda hoje o futuro do globo continua ameaçado por, designadamente, a geração de energia e a locomoção motorizada se basearem em carvão e petróleo, combustíveis fósseis que durante a combustão libertam para a atmosfera gases como o dióxido de carbono (CO2 ) que, pelo efeito de estufa, aumentam a temperatura da Terra e causam fenómenos nocivos como, entre muitos outros, o degelo glaciar.

São antigas as polémicas entre os que julgam que as causas do aumento do aquecimento global dependem do Homem e os que disso duvidam e dizem que não há razões para alarme, bem como as discordâncias sobre as fontes energéticas primárias a usar, atendendo à sua finitude, impacto ambiental e custos de utilização.

Entretanto, a concentração de CO2 na atmosfera ultrapassou 410 partes por milhão – o maior valor em três milhões de anos – pelo que estaremos prestes a ultrapassar 2º Celsius de aumento médio de temperatura, de consequências drásticas para o globo, mas que não preocupa quem diz que as variações médias de temperatura são cíclicas, e que a Terra teve períodos glaciares e outros períodos de temperaturas muito elevadas.

Podemos questionar se as energias utilizadas provirão de recursos endógenos e renováveis ou de combustíveis fósseis, e quais serão, da imensidade dos produtos usados, os que continuarão a poluir o globo, mas para a vida conhecida sobreviver e se transmitir a gerações vindouras, não devemos negar que é imperioso despoluir o planeta.

Nos últimos anos, quase todos convergiram na necessidade de suster o aquecimento global para limitar os efeitos da subida de temperatura média sobre os ecossistemas. Da Conferência do Rio ao Acordo de Paris, o mundo evoluiu de uma indiferença de parte dos líderes, para uma atitude responsável que os levou a subscrever um acordo benéfico para preservar o futuro.

Só Síria e Nicarágua não assinaram o Acordo de Paris, prova do entendimento global sobre um problema que só se for bem resolvido não porá em causa o futuro da humanidade, mas acaba de surgir mais um “chocante e desvairado problema”!

Trump retirou os EUA do Acordo de Paris (a indústria americana, responsável por 25% das emissões globais de CO2, teria de as reduzir entre 26 % e 28%, até 2025 ) por o mesmo favorecer países em desenvolvimento – entre os quais a China, que já é o maior poluidor mundial – em detrimento dos EUA, o que é uma verdade relativa. Como os limites acordados para as emissões poluentes afetam as competitividades dos países, o Acordo de Paris reflete-se no comércio mundial, daí que Trump o queira renegociar, ou obter um novo acordo que sirva os interesses americanos, debatendo ambiente e economia, matérias sempre disputadas com extrema dureza.

As alterações climáticas aumentam sem cessar desde a Segunda Revolução Industrial, e aceleraram imenso após a II Grande Guerra. Por exemplo, em média, todas as semanas entra em funcionamento uma nova central termoelétrica a carvão na China, agravando a poluição ambiental. A China só anuiu aos protocolos climáticos que a favoreceram, e assinou o Acordo de Paris porque este a beneficia.

Já os EUA querem renegociar regras que afetam a sua competitividade numa economia globalizada. Ambos pretendem a hegemonia económica do mundo, olvidando o ambiente. A ONU decidirá se o Acordo de Paris avança sem os EUA, ou se o renegociará. Infelizmente para o planeta, por enquanto o Ambiente não passa de uma muleta!

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