Opinião – Foi deveras humilhante! Não concorda, Senhor Primeiro-Ministro?

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Gil Patrão

Decorrido algum tempo sobre um episódio político que gerou enorme indignação entre nós, mas deixou indiferentes diversos membros da União Europeia, recordemos afirmações e atuações de alguns políticos. Tudo começou com uma entrevista, a um jornal alemão, do ministro das Finanças do país do norte da Europa que preside ao Euro-grupo, que depreciou os que gastam o que têm em “aguardente e mulheres” (sim, ele disse “liquor” e não “wine”), e depois pedem ajuda financeira a quem tem excedentes económicos (e acrescento eu, parcimónia de gastos e boa gestão pública são fulcrais para um qualquer país poder gerar disponibilidades de capitais).

Depois, alguns países do sul da Europa “enfiaram a carapuça” e questionaram quem se atreveu a expressar uma verdade elementar. Seguidamente, o nosso primeiro-ministro pediu na praça mediática nacional a demissão de quem “incentiva à divisão da Europa”. Logo se seguiram inúmeros comentários, uns escritos, outros ditos ou “desenhados” sobre o “pequeno holandês”, na prosa divertida de um dos muitos fazedores públicos de opinião que grassam pelo nosso país.

Mas na primeira reunião do Euro-grupo – em que têm assento os ministros das Finanças dos dezanove países da Zona Euro da União Europeia – ocorrida após a polémica entrevista do seu presidente ao periódico germânico, constatou-se, com espanto, a ausência de um dos ministros, aquele a quem o nosso primeiro-ministro tinha dito há dias em público: “Ó senhor ministro, não se iniba!”. É que este, talvez para desvalorizar tão enfatuado presidente, mandou no seu lugar um “ajudante” de nome feliz, que foi filmado a ensaiar o que balbuciou, de modo infeliz, ao saudar o sobranceiro ministro holandês, antes de se iniciar uma reunião em que se julgava que o representante lusitano exigiria a demissão do neerlandês. Mas, afinal, não foi isto que sucedeu!

Custou ver o país ser menorizado pela forma de atuação de quem não foi forte no local e tempo certo. Após discursos tão vigorosos do ministro dos negócios estrangeiros, do primeiro-ministro e do Senhor Presidente da República, que reúnem a simpatia e o apoio generalizado do povo, foi deprimente ver um secretário de Estado socialista claudicar num momento em que devia ter sido inflexível na defesa do país. Foi deveras humilhante! Não concorda, Senhor Primeiro-Ministro?

Certo é que, logo de seguida, António Costa, em entrevistas dadas em Espanha a uma rádio e a um famoso jornal, referiu que Dijsselbloem “está de passagem”. Oxalá o primeiro-ministro discurse numa próxima reunião da União Europeia em inglês, francês ou até em alemão, e repita aí o que disse então em português e castelhano; e que não se faça representar por outro qualquer governante, para não ter de exigir de novo, conquanto de modo inconsequente, a saída de quem julgará que ofendeu tão gravemente o nosso país que já falou na sua substituição pelo menos três vezes, embora em nenhuma delas estivesse presente qualquer responsável político europeu.

E como depois disso, em 19 de abril, segundo a Lusa “o primeiro-ministro português, António Costa, recebeu esta quarta-feira, em Cantanhede, uma garrafa de vinho de produção nacional e prometeu guardá-lo para brindar à mudança do Euro-grupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem”, sugiro ao Senhor Primeiro-Ministro, com todo o respeito devido pelas funções exercidas, que para um país com 874 anos de história não ficar diminuído por os seus governantes não atuarem assertivamente, estenda a todos os membros da sua governação o alvitre que deu a Centeno, para que o seu governo nunca se iniba, respeitando o passado ilustre e o valor atual de Portugal!

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