Metro Mondego é frota de lentos autocarros há quase 10 anos

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O Metro Mondego, alvo de numerosos estudos, avanços e recuos, é hoje uma frota de lentos autocarros alternativos entre Coimbra e Serpins, servindo também a Lousã e Miranda do Corvo, quase uma década após o fim dos comboios.

Uma comitiva de deputados do PCP, que se encontram na região nas jornadas parlamentares do partido, visitou hoje o ramal ferroviário da Lousã e a sua “estação fantasma” e experimentou o trajeto agora feito pelas sinuosas estradas de serra à beira rio Ceira, ouvindo as reclamações da população pelos constantes atrasos, trânsito, avarias e outras peripécias.

“Prometeram-nos o luxo, agora andamos nisto, para trás e para frente, aos solavancos”, lamentava uma das utentes, acabada de entrar no transporte que é alternativo há já sete anos, como indicam as tabuletas amarelas das paragens com a inscrição “Metro do Mondego”, mas com o símbolo de um autocarro.

Na estação ferroviária da Lousã, de cujo cais de embarque se observa o vazio de uma piscina onde antes havia carris, traves de madeira e gravilha, jaz uma placa datada de 2008 com o nome da então secretária de Estado dos Transportes do primeiro Governo de José Sócrates, Ana Paula Vitorino, atual ministra do Mar, assinalando o primeiro concurso para o material circulante e a futura construção de um interface.

“Acabamos por levar a resposta por parte dos movimentos de utentes de que continuaremos a contar com a força das populações para uma intervenção bem-sucedida. Foi uma decisão errada levantar os carris e parar a circulação, com prejuízos para quem precisa de transporte e até no desenvolvimento económico da região”, insurgiu-se o líder parlamentar comunista, João Oliveira.

O deputado do PCP recordou as resoluções apresentadas pelo seu partido, mas também por BE e “Os Verdes”, e aprovadas recentemente na Assembleia da República, pela modernização, requalificação e eletrificação da linha a fim de serem repostos os comboios, defendendo que “têm de ser cumpridas”, num apelo ao Ministério do Planeamento e das Infraestruturas.

“Estamos contra qualquer alternativa ao comboio, seja metro, seja elétrico, trem… a única alternativa ao comboio é mesmo o comboio”, afirmou o bancário reformado Mário Silva, 61 anos, membro do “Movimento Pela Defesa do Ramal da Lousã” e do seu homólogo “Lousã Pelo Ramal”.

Segundo Mário Silva, os percursos de Miranda do Corvo e da Lousã para Coimbra, através da ferrovia, demoravam cerca de 20 minutos e meia-hora, respetivamente, tendo desde o desmantelamento da linha, em 2010, passado para o dobro, com a introdução dos autocarros alternativos.

O início do projeto do Metro do Mondego tem origens em 1992 e a sua aprovação oficial data de 2002. O Ramal da Lousã, que ligava Coimbra a Ceira, Miranda do Corvo e Lousã, desde 1906, e também a Serpins, a partir de 1930 tem uma extensão de 36,889 quilómetros.

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