Solidariedade. É este o sentimento comum entre os cerca de 125 voluntários do CASA – Centro de Apoio aos Sem Abrigo – que tornam possível, todos os domingos, servir mais de nove dezenas de refeições às pessoas que vivem nas ruas da cidade. A esta missão, somam apoios a 32 famílias carenciadas, a quem, uma vez por mês, oferecem roupa, cobertores, bens alimentícios… e atenção.
A funcionar há nove anos em Coimbra, a delegação, entre as 11 existentes de Norte a Sul do país, integra a “rede social” da cidade, sustentando-se apenas com o amor e sentido solidário de quem dá sem pedir nada sem troca. Porto, Funchal, Faro, Setúbal e Figueira da Foz são algumas das filiais da organização, criada em 2002 e sediada em Lisboa.
Em abril do ano passado, o CASA fixou-se definitivamente nas instalações da Manutenção Militar, na sequência do arranque das obras na Cantinas “Amarelas”, espaço onde servia as refeições. A “transferência” tem trazido “enormes benefícios” à delegação que, com a mudança, conseguiu concentrar todos os seus (parcos) recursos naquele edifício, localizado numa zona “central e próxima da Baixa”, onde habitualmente atuam. As instalações são cedidas gratuitamente pelo Exército que assegura, ainda, a segurança dos jantares.
Antes da saída das “Amarelas”, a “casa” da organização durante três anos, a Universidade de Coimbra fez questão de oferecer as mesas e cadeiras que, atualmente, são utilizadas no salão da Manutenção Militar.
“O balanço tem sido extremamente positivo. O número de voluntário tem crescido imenso… Em setembro de 2012 eramos 15 pessoas, confecionávamos as refeições em casa e servíamos nos bancos de jardim da Loja dos Cidadãos”, conta Paula Santos, coordenadora do CASA. Feliz pela “enorme evolução” dos últimos anos, a responsável destaca o aumento do número de pessoas a viver na rua e enfatiza o papel de todos os seus parceiros sociais: AMI, Cáritas, Segurança Social, Centro de Acolhimento João Paulo II, Integrar, Câmara Municipal e ADAV).
“Infelizmente, a crise acentuou as dificuldades… Vemos cada vez mais sem-abrigo e recebemos muitos pedidos de ajuda de famílias carenciadas”, acrescentando que os voluntários do centro procuram ser “altamente discretos” quando entregam os cabazes nas casas das pessoas.
“Não queremos causar embaraços a ninguém!”, garante Paula Santos.
Jovens dão a mão à causa
No passado dia 12 de fevereiro e 5 de março, a organização contou com uma ajuda “muito especial”. Cerca de uma dezena de estudantes e meia dúzia de professores da Escola Profissional Vasconcellos Lebre, na Mealhada, confecionaram e serviram jantares a quase uma centena de sem-abrigo, num encontro que decorreu num “registo muito familiar”. “Foi ótimo… Não só para nós, mas para estes jovens. A maioria dos estudantes nunca teve contacto com esta comunidade. É uma experiência importante”, explica Estela Sousa, membro da Coordenação do CASA.
Ora, e se esta é a “cidade dos estudantes”, estes também não ficam indiferentes à missão do CASA. Cerca de um quarto da rede de voluntários da delegação é composta por jovens que, de forma mais pontual ou com mais regularidade, vão dando apoio aos sem-abrigo.
coimbra@casa-apoioaosemabrigo.org e casacentrodeapoioaosemabrigo.pt são os contactos do centro que, naturalmente, está de “braços abertos” a todos os que queiram contribuir para a causa. Agora, é tempo da cidade dar resposta…
NÚMEROS
125 É este o número de voluntários que colabora com o centro
90 sem-abrigo deslocam-se todos os domingos às instalações da Manutenção Militar
500 sem-abrigo sinalizados em Coimbra
32 famílias carenciadas são apoiadas pelo CASA
9 anos. Delegação de Coimbra está a funcionar desde 2008