Opinião: Pediatria

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Diogo Cabrita

A 1 de Junho de 2010 Ana Jorge anuncia a passagem para 18 anos da idade pediátrica.
“O alargamento responde às recomendações da Carta Hospitalar e de Cuidados Pediátricos em Portugal, redigida pela Comissão Nacional de Saúde da Criança e Adolescente (CNSCA) e da Carta dos Direitos da Criança, que Portugal ratificou. As instituições com muitos anos poderão ter algumas dificuldades de espaço mas terão de organizar os seus serviços.”
A American Academy of Pediatrics, por exemplo, define como alvo da prática clínica dos médicos pediatras todos os indivíduos dos 0 aos 21 anos, considerando que o período da adolescência estende-se desde os 11 até aos 21 anos (in doc ERS de 2011 )
“Esta definição de criança acompanha a

, onde se estabelece que “a criança é definida como todo o ser humano com menos de dezoito anos, excepto se a lei nacional confere a maioridade mais cedo”.
A verdade é que hoje um cidadão em idade pediátrica transita de modo legal ao fazer dezoito anos para adulto. No dia da sua adultez pode converter-se em tropa de elite, em “morto em combate” numa guerra qualquer e desse modo as crianças americanas morreram às dezenas de milhar no Vietnam e muitas nossas na guerra colonial. “Jaz morto e apodrece o menino de sua mãe” – F. Pessoa.
A definição de uma maturidade por idade é algo muito discutível, porque há adolescentes prostitutas (os), porque há adolescentes assassinos e ladrões, há tipos de dezassete anos com história a mais, e meninas de dezasseis que melhor seriam se poupadas as memórias que carregam. Todos eles se misturam com histórias estoicas de doença, com oncologia pediátrica, com filhos de acidentes e também banalidades. Pode um garoto de dezasseis anos, banhado em suco de hormonas, empapado de descobertas mal cimentadas, pera bêbada de emoções, decidir o que quer do seu sexo? Podemos permitir-lhe tatuagens? Podemos deixar que conduza? Devemos deixar que se torne profissional da comédia ou da televisão? que se exponha de modo irreversível na TV?
Proteger as crianças e os adolescentes obriga a formar limites e a desenhar fronteiras claras do que pode e não deve. Queremos redefinir idade pediátrica? Queremos falar de sexo a meninos de 10 anos que não sabem sequer do que falamos? dos desejos que nos alimentam e a eles nunca? Vamos imaginar Lolita de Nabukov na lista de livros do sétimo anos? Está tudo a endoidecer? Andam aí uns tipos a pensar propor a escolha de sexo a crianças e adolescentes e anda aí uma Ordem de Médicos muda que não avisa desde já que médico que o faça é expulso! Anda aí uma cambada de “esquerdelhos” no PS que acha isto tudo normal e eu, com esses, não quero comer à mesma mesa.

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