Opinião: Iludir parece mal, mesmo no Carnaval!

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Gil Patrão

Num país estagnado economicamente há catorze anos, alguns políticos andam a folgar com o povo, mas não se pense que isto acontece por ser Carnaval, época tradicional de folguedos. A questão é mais ligeira e só perdura por o povo ser tão calmo e sereno que sofre em silêncio com a incompetência de uns iluminados! Mas há muitos trabalhadores e reformados – que segundo quem não merece ter mordomias são fator de produção e peste grisalha da sociedade – que já estão saturados de assistir a telenovela foliona, cujo enredo gira em torno de certa “geringonça”.

Nela, o povo vê que os seus mandantes, sem massa para comprar fora o grão com que se amassa pão de trigo, parecem recear mensagens eletrónicas domingueiras que estão a criar embrulhada tal com os atributos do centeio, que põem em causa a continuação de se comer pão de mistura, alimento salutar para trabalhadores e reformados que não recebem de patrões e do Estado o suficiente para, nem que seja só de vez em quando, comerem bife de vaca voadora! Ainda se fosse só o chefe da saúde a aplaudir tricas de quem manda nas carteiras de lusos tesos que por falta de atividade política andam anafados, ainda se entendia por razões de saúde pública! Agora ser o primeiro-chefe a não querer esclarecer a qualidade do centeio, é que não se compreende…

E menos se entende que o nosso ente supremo declare morta e negue a ressurreição a questão tão aziaga que logo indispôs toda a oposição (que ele mesmo desvaloriza sem hesitar, na ânsia de continuar a ser, de todos, o mais popular), por este maioral saber que Cristo por vezes desce à Terra. Quanto ao primeiro-chefe, este parece vulgar lugar-tenente ao afirmar que se devem escutar teses magistrais de quem alguns, ainda há pouco tempo, diziam ser palavroso catavento!

Pelo que a oposição, por jovem e bela engraçadinha – na terminologia ortodoxa do líder de anacrónico diretório – de pronto ergueu a crista, enquanto ao longe se ouviam sonantes mas tardios passos de um coelho que anda mortificado por ter sido presa ingénua de um raposão que, de forma matreira, lhe armou uma ratoeira tão singular que dela não se libertará com facilidade.

É que a tal “geringonça” tem também engraçadinha atriz perfeita de “blocos de legos” feita, que não se incomoda com as faltas de verdade ao seu povo feitas por, como boa atriz que é, se sentir tão bem nos palcos como a ajudar quem muito docemente ilude o povo, por pensar quiçá que quem o faz assim tão suavemente, merece apoio de quem dorme voltada para o lado do coração.

E puxa também pela “coisa” um velho operário que nada teme por ter sido forjado na vida dura dos que, com martelos e tornos-revólver, cedo aprenderam a sujeitar o mais duro e vil metal, mas que agora anda tão desnorteado que nem sabe o que fazer com tão disparatada trapalhada. Custa ver quem construiu uma imagem de seriedade andar a engolir sapos vivos temperados com caril! É a vida, dirá bem-falante maestro que rege agora estrondosa orquestra, se recordar as agonias sofridas em pantanais tais que desistiu de ser mandante fadista. Mas triste fado é sofrer por obra de quem nos dá música, pelo que o melhor é espairecermos neste Carnaval com tolerância de ponto, feriado encapotado concedido por quem conduz tão louvada “geringonça”.

Vá lá, goze o Carnaval. Não só o de hoje, mas também o vasto e contínuo carnaval em que se transformou a política nacional! É que amanhã será mais um dia do resto dos dias de desencanto dum povo que assiste atónito às faltas de ética dos que deviam ser exemplo a seguir pelo país…

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