Opinião: Teoria e prática

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Gil Patrão

Quem dirige uma das Faculdades da Universidade de Coimbra que formam quadros necessários ao mundo empresarial, desafiou quem ouvia atentamente o que dizia sobre educação, a opinar sobre como atualizar e revigorar esta Universidade.

A atraente exposição gerou intenso diálogo com a assistência, que sugeriu formas de adequar o ensino superior a uma sociedade que evolui tão depressa que há conhecimentos de caráter prático que ficam obsoletos muito rapidamente.

Aprendemos desde que nascemos até ao final da vida, sendo inúmeros os fatores que ajudam à formação de cada um, não podendo as Escolas substituírem as famílias, a quem compete em primeiro lugar educar os descendentes, nem terem a responsabilidade única de promover o desenvolvimento de um país.

Mas todas as Escolas, desde as do pré-primário às que concedem doutoramentos, devem ter a preocupação permanente de sistematizar o conhecimento, promover a pesquisa, incutir métodos de trabalho e desenvolver o raciocínio dos seus alunos e professores.

Uma das mais antigas universidades do mundo tem um historial de sabedoria que importa garantir que se transmite de forma eficaz e eficiente, pelo que se louva a preocupação de inquirir os cidadãos de Coimbra, por dever haver um entrosamento intenso com a sociedade em geral, e no caso particular das Faculdades que formam futuros quadros superiores de engenharia, gestão e economia, por ser crucial garantir a ligação enérgica e biunívoca a empresas da região, não só para adequar currículos às realidades empresariais, mas para conseguir coligar teorias e práticas.

O ensino superior segue hoje as regras de Bolonha, concedendo de modo geral as universidades licenciaturas no primeiro ciclo, mestrados no segundo ciclo e no terceiro ciclo doutoramentos, num crescendo coerente de conhecimentos avançados, e nada obsta a que uma universidade moderna e excelente ensine, no primeiro ciclo de três anos de estudos, e com inexcedível rigor e exigência, o “saber” e o “saber fazer”, para os alunos assimilarem com maior facilidade a complexidade dos ensinamentos transmitidos, ao terem de aplicar os mesmos em empresas e demais organizações onde alguns deles poderão vir a ter emprego, após a conclusão dos cursos.

Como, num debate que merece divulgação, foi referido que naquela Faculdade, “…por motivos logísticos, as aulas do primeiro ciclo decorrem de 2ª a 5ª feira…”, há oportunidade de explorar se, e como, poderão os estudantes passar parte das sextas-feiras em empresas selecionadas pela Faculdade, aplicando teorias e conceitos aprendidos nas aulas em trabalhos úteis para essas empresas.

Se tais empresas, e essa Faculdade, avaliarem conjuntamente os trabalhos, poderão até vir a superar-se dois dos principais desafios do ensino universitário: promover um maior entrosamento entre dois mundos complementares, o do saber e o do fazer, e conduzir os alunos a apreciar e valorizar o trabalho, que permite a qualquer sociedade progredir rumo ao progresso.Coimbra não tem miríades de empresas, mas terá as bastantes para que, nalguns cursos das áreas citadas, possam surgir formas de ensino que, embora de forma diversa, sigam o que ocorre, por exemplo, nos cursos de medicina.

É que seria possível formar médicos sem terem prática clínica, mas se quem estuda medicina não praticasse nos Hospitais Universitários, e essas licenciaturas só significassem “ter licença para aprender por si, depois de terminado o curso”, decerto que a esperança de vida dos portugueses não seria a que hoje é, felizmente para todos…

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