No início deste mês, os portugueses recuperaram um feriado que, com a anuência da Igreja Católica, lhes tinha sido retirado com uma prosa falseada. De facto, diziam uns beatos falsos que era necessário como sacrifício para melhorar a situação da economia e, principalmente, da finança, que, agora, sabemos ter estado entregue a uma gente sem qualidades. Usaram uns governantes uma prosa redonda que agora sabemos ser obtusamente quadrada. Bem ao contrário do que aconteceu quando “Ainda nesse mesmo dia 11 de Outubro, a PIDE interrogou Tomás da Fonseca, na sua delegação de Coimbra, com o propósito de esclarecer o número de obras que publicara no país desde 1932, como os seus títulos.” . Era esta uma preocupação pois sabiam como escrever era uma forma de alterar o pensar dos povos que podiam começar a decidir…
Era um tempo em que o anticlericalismo era uma ameaça para um Estado Novo, que procurava e tinha na Igreja a sua base de sustentação e que a deixou de ter quando o Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, tal criticou, mesmo contra a opinião de alguns católicos mais ortodoxos, aqueles que diremos serem mais papistas que o Papa.
Agora alguns deixaram de ser papistas. Passaram a ser partidários de todas as malfeitorias que os governantes queiram legislar, e sem terem em conta os que têm de usar o seu tempo a cuidar de filhos e pais, o que acontece mesmo que estes já tenham morrido há muito. Há governantes que afirmam até que deixámos de ter direitos adquiridos e cortam sem dó nem piedade nos nossos salários e pensões. Outros, insensatamente, aceitam empregos de empresas que lançaram os povos que, pouco antes governaram numa crise cruel se fim à vista, causando perplexidades e dúvidas, que parecem insanáveis pois chamadas a discutir e a julgar o assunto, as instituições não encontram explicação que convença os cidadãos e a elas próprias de que tudo está bem.
Contudo, apesar de a democracia funcionar existem obstáculos exasperantes, que a impedem de funcionar de modo eficaz, pois os cidadãos são continuadamente manipulados com informações falsas e argumentos falaciosos, usando os meios de comunicação. São os que deixam de informar para tentar sempre condicionar raciocínios de acordo com o poder político/económico dominante.
É o que vemos em cada dia e em cada país, explicando alguns dos impasses a que chegámos nesta economia global, incluindo aqui níveis de poluição do ar assustadores na Índia por serem insuportáveis e lesivos da saúde humana.
E é por isso que o mundo está perigoso e com problemas para os quais o poder político, habituado que está o poder a manipular e a prometer sem nada cumprir, não dando solução cabal porque aqueles de que são títeres não deixam.
E dessa prisão só o nosso espírito e vontade crítica os pode libertar.
1 – Luís Filipe Torgal – Tomás da Fonseca: Uma biografia, Antígona, Lisboa, 2016, p. 373.