Opinião: Populista!

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TEOTÓNIO CAVACO

TEOTÓNIO CAVACO

Lembro-me amiúde, com carinhosa saudade, do professor Chico Ventura (disciplinas Relações Públicas e Noções de Administração Pública), 10.º ano, Liceu da Figueira, quando, naquele seu sorriso único e desconcertante, se virava para uma ou outra das minhas colegas e lhes atirava um “a menina é tão ordinária!…”; e quando elas, ruborizadas e zangadas, iam dizer alguma coisa, ele completava: “Extra… extraordinária!”.
De facto, as palavras nem sempre significam o mesmo ao longo do tempo, nem sempre denominam a mesma coisa em geografias e contextos culturais diversos, e, por isso mesmo, temos de as saber usar. Certamente muitos dos que hoje se têm pronunciado contra o populismo corarão ao saber que os populistas russos das décadas de 1860 e 1870 foram inspiradores do Comunismo (o termo deriva aliás da expressão “ir para o povo”), ou que estes movimentos se opõem aos partidos políticos tradicionais, mostrando-se, na praxis ou na retórica, muito combativos perante as elites dominantes e opressoras.
De facto, ser populista é apelar à simpatia do povo (os sem acesso aos privilégios sociais, culturais, económicos ou políticos), para construir o seu poder, denunciando constantemente os males que encarnam as classes privilegiadas, na tentativa de dar voz e de redimir os humildes. E se por populismo entendermos então as propostas de construir o poder a partir da participação popular e da inclusão social?! Não quereremos ser todos populistas?!…

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