O Presidente da República considerou esta sexta-feira que a publicação de uma biografia do antigo primeiro-ministro e líder do PSD Carlos Alberto da Mota Pinto constitui “um ato de justiça” para com “um português exemplar“.
Marcelo Rebelo de Sousa falava no lançamento do livro “Mota Pinto”, de João Pedro George, editado pela Contraponto, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O chefe de Estado descreveu Mota Pinto como “um corajoso combatente pela liberdade” e “um homem de consensos”, que “era acima de tudo um social-democrata europeu”, mas “ao mesmo tempo radical centrista”, e que se afirmou como “uma personalidade do primeiro plano da vida pública portuguesa”.
“Carlos Mota Pinto, por excecional mérito próprio, rompeu as baias dos seus mestres do direito e dos seus pares na política para constituir um exemplo quase único de simbiose entre um grande jurista e um grande político, um grande homem em democracia”, acrescentou.
Na assistência estavam o antigo Presidente da República Jorge Sampaio, e os antigos primeiros-ministros Francisco Pinto Balsemão, Pedro Santana Lopes e Pedro Passos Coelho, entre outras figuras da política, e familiares de Carlos Mota Pinto, um dos protagonistas do Governo do Bloco Central PS/PSD, que morreu em maio de 1985, aos 48 anos.
“Este livro fazia falta, é um ato de justiça”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que “ao fim de tantos anos” se cumpriu “um dever de memória”.
O Presidente da República declarou ser um “admirador da obra jurídica” de Mota Pinto, “da integridade do seu caráter, do seu inquebrantável patriotismo, da sua dedicação sem limites aos ideais e valores em que acreditava”.
Marcelo Rebelo de Sousa, que nos tempos do Bloco Central integrou o grupo Nova Esperança de oposição interna no PSD, disse ser um “admirador tanto mais isento quanto tantas vezes os cruzamentos da vida comportaram desencontros ou divergências de percurso”.
“Todos, para além das contingências do efémero, admirávamos nele a firmeza de caráter, o poder da inteligência e a transbordante alegria de viver. Bem como a devoção total que tinha à sua família e ao seu país, o seu humor e a sua simplicidade”, acrescentou.
No final da sua intervenção, o chefe de Estado retomou este ponto: “Deixe-se para último aquilo que é primeiro, a devoção que votava à família, à sua mulher e aos três filhos. Todos seguiram carreiras brilhantes, sendo essa porventura a mais notável homenagem que fazem à memória do seu pai e ao seu imorredouro exemplo de vida”.