Opinião – O Congresso do PCP é igual a outros? Não é, não!

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Francisco Queirós

Francisco Queirós

A 2, 3 e 4 de Dezembro decorrerá em Almada o XX Congresso do PCP. Na verdade, decorrerá a última fase do Congresso dos comunistas. Como assim? Ao contrário da prática de outros partidos, o congresso do PCP, órgão máximo do Partido, inicia-se muito antes da reunião final. Em Março, o Comité Central do PCP aprovou um conjunto de questões e tópicos a propor ao colectivo partidário para consideração no âmbito do Projecto de Resolução Política ou Teses a aprovar no Congresso. Entretanto, decorreram centenas de reuniões onde os militantes transmitiram opiniões sobre tais questões e que estiveram na base da primeira proposta de texto de Resolução Política entretanto aprovado, com imensas alterações no plenário do Comité Central de 17 e 18 de Setembro. Tal proposta está desde então sujeita à discussão ddo colectivo partidário de milhares de militantes ( 54 280 militantes) que apreciará, criticará e elaborará seguramente muitas e muitas mais centenas de propostas de alteração ao documento base.
Ao invés de propostas de um líder ou de vários candidatos a líderes sobre as linhas de orientação do Partido, como ocorre com a generalidade dos outros partidos, o PCP, assente numa profunda democracia interna, discute, analisa e elabora propostas de modo colectivo, com o contributo de milhares de militantes. O projecto de Resolução Política ou Teses estão agora submetidos a essa discussão nas organizações como reflexão colectiva sobre a política nacional e internacional, para avaliação da luta dos trabalhadores e do povo português, sobre o próprio Partido, a sua acção e intervenção, e para o aprofundamento do conhecimento da realidade em que actua e assim aferir melhor as principais orientações e tarefas para o reforço da organização, da intervenção do PCP e da sua iniciativa. Quando os delegados, entretanto a serem eleitos por todas as organizações, se reunirem em Almada, aprofundarão a discussão e proporão para aprovação a Resolução Política deste Partido para os próximos anos.
Ora, estes princípios de funcionamento traduzem uma profunda democracia interna. Ou não será? Só por sectarismo primário se poderá afirmar o contrário!
Surgem entretanto, e avolumar-se-ão sem dúvida à medida que nos aproximarmos da data da realização do congresso, tentativas de caricaturar e de diabolizar o PCP. Estranho seria, aliás, que assim não fosse. É velha esta ofensiva ideológica, tantas vezes acompanhada pelo silenciamento, deturpação ou falsificação das posições do PCP, com a intenção de dificultar o seu crescimento, prestígio e influência política, social e eleitoral. Procura-se inviabilizar as suas propostas, ao mesmo tempo que se pretende desvalorizar ou até criminalizar o protesto, a resistência e a luta dos trabalhadores.
Pois é! São muitos os portugueses que nem tão pouco imaginam que o PCP tem esta forma de funcionamento. São muitos os portugueses que pensam que o PCP e os comunistas são o que nunca foram, são ou serão. Não, os partidos não são todos iguais.

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