Opinião – Mentindo como forma de vida

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Aires Antunes Diniz

Aires Antunes Diniz

Todos notamos como o atual modo capitalista tem apostado na mentira continuada e correntemente organizada até que os buracos surgem, mostrando que nada é definitivo no nosso modo de vida por ser sempre uma construção com pés de barro.
Não admira por isso que a revista semanal de economia, The Economist, tenha vindo há poucos dias falar das formas de fazer política na era pós-verdade, tal como há uns anos Lyotard falava na pós-modernidade. Contudo, sabemos que mentir foi sempre uma forma de vencer o inimigo ou lograr o comprador/vendedor, usando a assimetria de informação quando a verdade nos pode levar à derrota ou a um prejuízo ou lucro menor. Vivemos todos na era de Trump, onde políticos propõem coisas desumanas com voz tonitruante e há gente suficientemente crédula ou com nonsense para os eleger.
Houve contudo momentos em que se procurou acertar com a verdade, no caso as formas ideais de construção das casas, procurando a sua funcionalidade e beleza, em que a Arte funciona como procura do Bom Gosto sem fingimento. Na verdade, já no tempo de Raul Lino “raras vezes vemos é a modelação a martelo como ainda em Coimbra alguns serralheiros, educados por António Augusto Gonçalves, a sabem praticar, e onde em cada malhada se patenteia a habilidade do artífice e o gosto e a graça com que trabalha” .
Contudo, uma simples procura no Google dá-nos conta da contestação gerada pela sua obra, mas fica a ideia de viver bem pode e deve resultar de ideias simples.
O problema da Europa e do Mundo é a sua organização social assente na mentira conveniente, e deste modo os problemas avolumam-se e complicam-se cada vez mais, sendo as soluções sempre avançadas as que são aceites pelo poder político, que, por isso, mente quando diz que elas vão resolver tudo. Mas, sabem bem que não.
Mentem, pensando que tudo vai correr bem.
Culpa o The Economist os políticos que, para ganharem, eleições vão dizendo o que os eleitores querem ou precisam de ouvir, mas que na maior parte dos casos nunca são as soluções necessárias. Contudo, o maior problema são as soluções de facto que os homens do dinheiro vão impondo, mas que na maior parte das situações nem sequer os favorecem nem lhes permitem a sobrevivência. Sabemos já que impõem produtos sem qualidade como vemos nos automóveis que por aí circulam, na alimentação pouco saudável, nas casas e apartamentos que nos dão mau viver, nos computadores onde parte das inovações pioram o seu desempenho, etc., etc. etc. …
Somos por tudo isto chamados a criticar todas as mentiras que complicam o nosso viver e a obrigar todos os constroem histórias mirabolantes a deixarem de o fazer. Somos obrigados a votar e a opinar de forma a destruir mentiras para fazer retornar o mundo à Era da Verdade, construindo uma nova Idade que se não for de Ouro seja pelo menos de Pedra Sólida.

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