Opinião: Alegre e descuidada ciência

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Aires Antunes Diniz

Aires Antunes Diniz

Os últimos anos de pensamento económico vieram trazer à ciência económica insensatez, servindo interesses ocultos que nenhum economista bem formado aceita, levando alguns a questionar os resultados finais deste trabalho.

Um dos economistas que o está a fazer é Paul Romer (The Economist”, 24 de Setembro de 2016, p. 68 ), que “inventou” um meta modelo para sua autoanálise. Por isso, para os que começam ou continuam os seus estudos de economia nada pode ser como a poetisa escreve: “- Alegre e descuidada: Coimbra estuda!”1 .

De facto, muitos são os que usam a economia e em particular a macroeconomia para fazer retroceder a humanidade a tempos de trevas, dos quais perante tanta intimidatória sapiência só podemos sair através da ridicularização, aconselhada por Romer como o melhor antídoto perante tão intimidatórias autoridades científicas. Outros, tal como ele, também teorizaram sobre as falhas das teorias correntes que provocam más práticas políticas.

Na verdade, os portugueses sabem bem como alguns sábios, tanto das equipas da Troika, como de muitas outras, têm conduzido as economias desde o seu mau estado até a um estado pior, tornando-se todos potencialmente ridículos. É este seu defeito que devemos usar para exorcizar o futuro para o qual nos encaminham, acolitados por homens do poder e da comunicação que os seguem ou incensam.

Alguns que nada investigam e só usam umas “ideias pérfidas”, que compram barato no mercado negro da desgraça conveniente, inventam o que bem lhes interessa, tornando sem valor a influência dos economistas que pensam realmente e com vontade de tornar o mundo melhor. Alguns inventam até as teorias que lhes convêm. E isso é a base da desgraça de ciência económica que nos inferniza a vida.

Há por isso alguma crítica silenciada pela intimidação feita por uns “sábios” que manipulam a ciência económica e se acoitam em organizações que vivem da depredação das economias das nações. São empresas globais conhecidas, que estão sempre à espera de quem a troco de uns trocos está disposto a fazer o jogo de enganos em que são peritas, mas só por uso de batota generalizada. Conhecemos por isso o nome dos trânsfugas que se sentem marginalizados quando sentem que o seu jogo viciado já foi descoberto.

E esse é um jogo de sempre e não só de agora.

Voltar ao pai fundador da teoria económica Adam Smith e à sua Teoria dos Sentimentos Morais, publicada em 1759, logo e quando em Portugal o Marquês de Pombal iniciava politicamente a nossa modernização científica, é agora a pitada de bom senso que pode levar-nos a rejeitar intimidações, quebrando a sua força através da sua redução ao absurdo por via da sua ridicularização. Façamo-lo.

1 Lisette Villar de Lucena Tacla – Aguarelas de Portugal, Capa e ilustrações do grande pintor José Maria de Almeida, Livraria H. Antunes, Rio de Janeiro, 1960, p. 51.

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