Festa das Latas arranca esta noite na Sé Nova

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À meia-noite de hoje começa a serenata. Nos próximos cinco dias, a Latada vai tomar conta da metade universitária da cidade… e lembrar à metade futrica que há festa, noite após noite.
O programa desta Festa das Latas 2016 inclui fartos eventos, musicais e outros. Mas é incontornável que a iniciativa assenta numa tradição que muitos desconhecem. Vale a pena, por isso, recuperar o essencial de um texto notável, escrito no blogue “Penedo da Saudade” (penedodasaudade.blogspot.com), vão lá cinco anos, e assinado por Zé Veloso, que se dedica a “calcorrear a história de Coimbra, da sua academia e das suas tradições”.
De espírito arejado e aberto, Zé Veloso começa por aclarar a sua aversão ao saudosismo serôdio e bafiento. “As praxes académicas de Coimbra sempre evoluíram ao longo dos séculos, o que me leva antes a dizer que a tradição nunca foi o que foi”, refere.
Neste contexto, o investigador ançanense destaca a “capacidade de adaptação a novas realidades – Bolonha, aumento do número de Faculdades, presença maioritária das raparigas, novos contextos socioculturais… – que tem permitido às praxes manterem-se vivas, já que são vivenciadas e não apenas representadas”.
No que respeita à Festa das Latas, Zé Veloso acentua que se trata da manifestação praxística de Coimbra que mais transformações sofreu, “tanto na forma, como no significado/objetivo”.
Citando Teófilo Braga (História da Universidade de Coimbra… Tomo I, 1982), o estudioso admite que a tradição poderá ter relação com as “Soiças” (cortejos trapalhões e barulhentos que foram proibidos em 1541, em face dos desacatos que provocavam).
Quanto à ligação ao ciclo académico, o autor recorre a Trindade Coelho e à sua obra célebre “In Illo Tempore” – escrita no início do séc. XX e reportando ao seu tempo de estudante (1880-1885), que situa as latadas estudantis no final do ano letivo.
“Nem todas as Faculdades tinham o mesmo dia do ponto (último dia de aulas), o que levava os alunos já libertos das aulas a caçoar dos restantes, através de cortejos barulhentos que os não deixassem estudar ou dormir em paz. Para além disso, os caloiros que iam tendo o seu dia de ponto emancipavam-se nessa mesma noite”, escreve Zé Veloso.
O que se sabe é que, com a Reforma Universitária de 1901, os cursos passaram a terminar as aulas no mesmo dia. A troça, portanto, perdeu sentido. “Mas as latadas continuaram, centradas agora na emancipação dos caloiros”.

Notícia completa na edição impressa de hoje

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