Seria um adolescente imberbe quando tive a oportunidade de ver, pela primeira vez, aqui na Figueira, uma exposição do Mário Silva sem que, com exceção do inconfundível perfil de Coimbra, tivesse compreendido muita da obra exposta. Ficou contudo a necessidade de satisfazer a curiosidade, exercício que passei a fazer a partir daí. Em relação a tudo quanto me parecia abstrato nas artes visuais – na música, no cinema, na literatura, na dança, no teatro – independentemente de quem utilizou esta forma de arte, penso que desde Piet Mondrian.
Há quem ache uma curiosidade o facto do Mário, como o Zé Penicheiro, o Cunha Rocha, a Tesha, como outros que já partiram ou que felizmente estão connosco, terem escolhido a Figueira para dela fazerem o seu ateliê, o seu local de inspiração para escrever, para representar, para dançar. Apesar de tudo, a Figueira teve o mérito de os atrair. Eles sabiam porquê, embora nem sempre a Figueira lhes tenha retribuído, como mereciam.