Opinião São João do Campo exige que se cumpra o direito à saúde

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Francisco Queirós

Francisco Queirós

 

A Comissão de Utentes da Extensão do Centro de Saúde, com o apoio do executivo da junta, convocou para o final da tarde de terça-feira 9 uma assembleia popular. E várias centenas de habitantes compareceram. Perto de quatrocentos, contou-se. “Haviam de ser 1000!”- desabafava um dos manifestantes. No largo entre a Igreja e a sede da junta, os autarcas e os membros da comissão de utentes do Centro de Saúde deram conta do ponto da situação. A vila de São João do Campo está sem serviço médico desde o dia 15 de Julho, assim devendo continuar até 15 de Setembro. Com a médica de baixa por doença prolongada, a enfermeira de férias e a administrativa também doente, a extensão encerrou. Não há pessoal substituto, informa a ARS Centro. A população teme que este encerramento temporário esteja para ficar. Os cerca de dois mil utentes são encaminhados para o Centro de Saúde da Fernão de Magalhães que há muito não tem condições estruturais e pessoal para cumprir com as exigências do serviço nacional de saúde.
No final de uma tarde escaldante de Agosto, quase 400 habitantes manifestam-se exigindo que a administração de saúde resolva com urgência no sentido do funcionamento em pleno desta unidade de saúde. São vários os oradores inscritos. Uns dão conta dos contactos havidos com a administração de saúde. Outros relatam as suas experiências pessoais. “O Zé Mau lá ia hoje de manhã para a Fernão de Magalhães para fazer o penso…Pode lá ser…No estado em que o homem está, ir assim diariamente para tão longe!”. “E a sogra do meu sobrinho?”. O povo dá exemplos. Sentem-se roubados num direito essencial para a sua dignidade. O povo reunido em assembleia em final da tarde não desarma. “Já fizemos outra assembleia. Hoje estamos aqui. Há um abaixo-assinado a correr. Não desarmamos. Queremos os cuidados médicos a que temos direito!”
Compareci à reunião. Manifestando a solidariedade do PCP e da CDU com a justa luta dos habitantes de São João do Campo. Deram-me a palavra. Informei que colocarei, como vereador, a questão no órgão autárquico que pode e deve pressionar a administração central. Conclui a intervenção, partilhando a minha satisfação pela forma como este povo de São João do Campo luta pelos seus direitos. Pois é o povo que cabe exigir e lutar pelo que é justo. O direito à saúde, consagrado na Constituição da República, é para cumprir!
“Até podiam ser mil! Mas olhe que esta gente toda é muita gente” – respondia uma velhota, acrescentando: “E mais seremos…que o povo não se deixa enganar!”
Um final de uma tarde quente de Agosto em São João do Campo com um imenso travo a Abril, um cheiro a esperança e a determinação.

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