Na entrada do mais importante museu (LACMA) de Los Angeles vê-se uma imensa parede com os nomes dos mecenas e doadores que ajudaram à criação deste magnífico acervo, hoje aberto a milhares de visitantes por ano. As doações vão desde 30 milhões – e são várias! – até 2500 dólares – e são muitas.
Esta semana, o Governo português lançou – e muito bem – um programa destinado a recuperar património abandonado e degradado por via da concessão a privados para investimento turístico. Desta forma, pretende-se resgatar a memória histórica e evitar a morte patrimonial através de projectos turísticos. Ideia feliz que junta o passado e o futuro, cada vez mais assente no turismo.
Como sempre, já se ouvem os suspeitos do costume a desdenhar da ideia: porque empresários não entendem nada de história; porque restaurantes e bares não jogam com talha dourada; porque alguns vão ganhar dinheiro em cima do património que é de todos; por isto e por aquilo…
Reação estúpida e saloia! Afinal de contas, a maioria dos edifícios em causa estão há muito inacessíveis ao público – quase em ruínas – deixando de cumprir qualquer papel cultural e pedagógico. Além do mais, com certeza o programa vai acautelar o respeito pela memória e não permitir brejeirices imobiliárias, salvaguardando o absoluto interesse público dos investimentos.
Ainda a propósito do exemplo do LACMA, a sociedade americana mobiliza-se por causas e não espera – normalmente – pela intervenção do governo.
Acima de tudo, o sentido da responsabilidade cívica, corporativa ou individual, é muito acentuado e gera reconhecimento social. Em muitas circunstâncias gera também uma percepção positiva sobre marcas e empresas, mas isso não é condenável se resultar de um investimento social prévio.
Em Portugal, as verbas públicas para a cultura e preservação patrimonial são cada vez mais escassas, pelo que não resta alternativa a uma fecunda parceria com o setor privado num compromisso social e culturalmente responsável e que ajude estrategicamente a promover o nosso turismo!
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