Calhou este ano o International Standing Conference for History of Education realizar-se em Chicago junto ao lago Michigan. Mal acabei de chegar e logo o fui ver e observar como algumas escassas pessoas se aproveitavam dele como praia no dia 15 de agosto de 2016. Entretanto, corria a cidade um inumerável número de ambulâncias, algo irritante pelo ruído que impedia qualquer conversa, incluindo a que tive com uma voluntária da American Society for the Prevention of Cruelty to Animals (ASPCA), que militantemente veio de Michigan para aqui pedir donativos para esta organização. Entretanto descobri como era perto a sede da organização de bombeiros locais e por acaso vi como atuavam atenciosamente na ajuda de gente que se sentia mal na rua. Era isso justificava o enorme trânsito das ambulâncias o grande número de hospitais perto do meu Hotel que ficava nas imediações destes muitos hospitais.
Tentei aproveitar o tempo para visitar o Museu de Arte Contemporânea, mas como era segunda-feira estava fechado. Só estava aberta a livraria associada que era um tesouro de cultura avançada, principal na arquitetura e nas artes, fazendo-me lembrar Brito Camacho que recordou em 1924: “Estudava preparatórios, em Coimbra, quando a Academia resolveu celebrar o tricentenário de Camões.1” Despertavam assim muitos para a prática cultural como complemento dos cursos que faziam.
Existem aqui outros Museus que explicam o desenvolvimento de Chicago. É o caso do Museu da Ciência e da Indústria por ser a Ciência a base da tecnologia com que nos deparamos no seu estado mais avançado em diversos locais. É um museu formidável pelo seu cuidado em valorizar o que se conseguiu pelo uso da Ciência na Indústria e também na Agricultura, mas aqui de forma enviesada pois privilegia as grandes propriedades e as máquinas enormes, que nada têm a ver com a nossa pequena agricultura que desapareceu por falta de políticas agrícolas adequadas. Mas, terça-feira de manhã, em frente ao Museu de Arte Contemporânea, vi um pequeno mercado de produtos da pequena agricultura, alguns com cunho biológico, com o apoio desta instituição cultural, que quebrava assim um pouco este enviesamento.
Contudo, aquilo que valoriza singularmente este Museu da Ciência e da Indústria é a estima com que trata e explica o papel do caminho-de-ferro no desenvolvimento económico americano, dando a todos uma lição clara de como os transportes ferroviários mudaram o mundo. Infelizmente, entre nós, a gente inteligente que nos tem governado decidiu rejeitar a construção do TGV e pior ainda uns seres não identificados foram desmantelando as linhas que tínhamos recebido do passado. É o que vemos em Coimbra com a abandonada linha da Lousã e podemos ver no trajeto Pampilhosa-Figueira da Foz e a norte no desmantelar das linhas transmontanas.
Teremos por isso de os questionar para sempre e sempre.