Opinião: Bail-in ou bail-out

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Aires Antunes Diniz

Aires Antunes Diniz

A necessidade de ganhar eleições obriga os partidos que dependem da posse do poder para sobreviver, a escolher criteriosamente entre fazer pagar os buracos do sistema bancário pelos contribuintes, ou seja por um bail-out, ou pelos credores do banco, ou seja por um bail-in, demagogicamente dizendo pelos mais ricos, como se a gente acreditasse.

Tudo é diferente daquele “Incidente glorioso quando, na continuação da obra do sr. dr. Dias da Silva, presidindo ao município de Coimbra, [Marnoco e Sousa] nesse cargo operou o rejuvenescimento da cidade e nas municipalizações efetivadas com êxito exibiu a uma nova luz facetas novas do seu espírito de organizador e hábil governante dos negócios públicos.”1.

Agora, diferentemente, os negócios públicos resumem-se a organizar as finanças públicas de modo a extrair o máximo do contribuinte, usando até penosas idas em dias de estio a repartições de finanças, onde há que beber água em grande quantidade para não desidratar.

Aconteceu-me há dias ir até lá para ser esclarecido sobre a legislação e uma aplicação informática “manhosa”, em que contribuintes e funcionários das finanças se perdem e perdem tempo precioso, gasto numa penosa deambulação entre serviços como vi acontecer a uma companheira de infortúnio. Tudo ficou pior quando dois deficientes reclamaram do seu direito à discriminação positiva. Mas era e é justo.

Entretanto, recebi uma lição sobre legislação fiscal, que é estruturada de forma a retirar quase todos os direitos à educação e formação, mas onde surgem algumas abertas que permitem comprar livros. Mas, aí fui censurado pela amável funcionária do fisco, que criticou a lei por me permitir comprar o livro de George A. Akerlof & Robert J. Shiller “Phishing for Phools: The Economics of Manipulation and Deception”, que já encontrei traduzido em português com o título pouco feliz “À Pesca de Tolos – A Economia da Manipulação e do Logro”, com direito a dedução como despesa de educação em sede de IRS. Mas, vale a pena ler para vermos como somos tolos se acreditarmos na boa-fé de alguns Ministros das Finanças, Secretários de Estado de Assuntos Fiscais e alguns comentadores de Finanças Públicas que nos fazem e querem tolos.

Chegam-me agora emails que me falam do colapso anunciado do Deutsch Bank e da agenda escondida de Merkel, Schäuble, Juncker, Lagarde e Dijsselbloem, que tentam fazer-nos pagar os offshores e a imprudência dos banqueiros.

Tentam por isso enganar-nos, mas enganam-se quanto à possibilidade de ninguém dar conta que foram eles que criaram os “buracos financeiros”. Mostremos-lhe por isso sem qualquer falso heroísmo que não nos comem por tolos.

1 Fernando Emygdio da Silva – Cousas de Portugal (Durante a guerra; depois da guerra), França & Amado, Coimbra, 1919, p. 218.

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