Opinião – Estupefação geral

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Aires Antunes Diniz

Aires Antunes Diniz

Poucos pensavam que haveria alguém em Portugal que fosse tão masoquista que, até, quisesse umas chicotadas imerecidas por umas duas décimas mal explicadas no deficit do nosso Orçamento Geral do Estado.

Mas, aconteceu que no último Conselho de Estado, Aníbal Cavaco Silva quisesse que houvesse sanções contra o seu Governo, cuja vida prolongou para além do admissível, sendo obrigado a aceitar o óbvio: as contas dos votos davam outro governo, logo apelidado “geringonça”. E como homem, que não esquece, fará a este governo o que fez a Saramago: Nem na hora da morte lhe deu valor.

Fará tal como aconteceu há muitos anos, mas em situação diferente: “Com a manobra de anular a oportunidade que se apresentava ao Congresso da União Nacional em Coimbra onde tudo estava bem preparado, para que saísse dele um voto de restauração da Monarquia – mais uma vez se provou, e então, em definitivo, que o «monarquismo» de Salazar era falso.” 1

E se Salazar enganou os monárquicos que confiavam no seu monarquismo e nada como prometeu como melhoria aconteceu. Também Cavaco enganou muitos. E, agora, se recordarmos bem a atuação de Cavaco Silva, como governante e como presidente, vemos como com ele sempre tudo piorou.

Como governante, está associado ao abandono dos campos e dos mares de onde vinham os alimentos e as matérias-primas da indústria. Como presidente, foi o homem da cooperação estratégica com Sócrates, que teve efeitos devastadores na Educação ao degradar a Escola Pública e na Banca, com a nacionalização do BPN, que só serviu para esconder o que por lá Oliveira e Costa, seu secretário de estado, andou a fazer.

Ficámos assim sem saber por onde o dinheiro se desenfiou. E muito menos quantas décimas no OGE pesam os milhões que custou o BES, o BANIF e agora a CGD. Nem sequer perguntamos quanto custam os enormes lucros dos colégios e os hospitais privados. Nem o custo das portagens das SCUTs que agora o Governo não consegue reverter, e só por o Governo de Cavaco Silva ter armadilhado o caminho para satisfazer esta necessidade de embaratecer os custos dos transportes, que podíamos conseguir através do fim/redução das portagens, que podiam viabilizar muitas empresas e empregos.

O Algarve de Cavaco de Silva sofreu também nos últimos anos o efeito devastador da política seguida por Passos Coelho que está bem visível nas ruas de Faro, onde são muitas as casas emparedadas e entaipadas. Talvez agora tudo melhore com os veraneantes que podem comer melhor pagando menos IVA. Espero.

Todo o Portugal está a precisar de mais investimento e de mais consumo, pois muitos faliram e os que restam sentem dificuldades nos seus negócios por muitos portugueses passarem miséria e sofrerem demais a pobreza imerecida que os oprime.

1 Mário Saraiva – Sob o Nevoeiro (Ideias e Figuras), Edições Cultura Monárquica, Lisboa, 1987, p. 232.

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