Opinião – Não há impossíveis na vontade dos povos

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Francisco Queirós

Francisco Queirós

O impossível morreu, de novo! Os povos do Reino Unido demonstraram que não há impossíveis nem inevitabilidades pronunciando-se pela saída da União Europeia.

Internamente, na sequência das últimas eleições legislativas ficou também demonstrado que não há impossíveis. Graças ao papel determinante do PCP, força política que anunciou de imediato à divulgação de resultados do escrutínio que era possível afastar a direita do poder e criar-se outras soluções governativas, o propalado e mítico “arco de poder” esvaiu-se por completo.
Os povos são soberanos. Não há organizações, superpotências ou tratados que possam limitar a soberania e a vontade dos povos para sempre.

A União Europeia encontra-se mergulhada numa profunda crise social, de estagnação económica e persistente tendência deflacionária, de aprofundamento da instabilidade no sector financeiro. As contradições que percorrem o processo de integração capitalista acentuam-se a olhos vistos e confluem na manifestação de elementos de desagregação.

A vitória da saída da União Europeia no referendo realizado no Reino Unido constitui um acontecimento de enorme importância política. Inegável para os povos do Reino Unido, mas também para todos os povos da Europa. Representa uma alteração de fundo no processo de integração capitalista na Europa e um novo patamar na luta contra a União Europeia do grande capital e das grandes potências, e por uma Europa dos trabalhadores e dos povos. Os britânicos disseram basta a esta União Europeia, apesar de porventura terem menos razões de queixa do que outros povos, como o português!

Os povos britânicos decidiram de forma soberana os destinos do seu país, num quadro de gigantescas e inaceitáveis pressões e chantagens dos grandes grupos económicos transnacionais, do capital financeiro e de organizações como o FMI, a OCDE e a própria União Europeia.

Deste referendo britânico pode justamente concluir-se que se verificou uma retumbante vitória sobre o medo, as inevitabilidades, a submissão e o catastrofismo.

Não é justo, nem moral ou eticamente aceitável, que se pretenda concluir que este resultado é a expressão da vontade dos mais velhos contra os mais novos e dos menos cultos sobre os outros. Se é certo que discursos xenófobos e reaccionários apelaram à saída da União Europeia, é igualmente verdade que forças progressistas, sindicatos, os comunistas britânicos e outras forças de esquerda assumiram e afirmaram no referendo a defesa dos valores da democracia, dos direitos laborais e sociais, do progresso, da solidariedade, da amizade e cooperação entre os povos.

Este referendo expressa inequivocamente a rejeição das políticas da União Europeia. Bem podem alguns querer repeti-lo e voltar a repetir até que o povo acerte no resultado politicamente correcto na lógica dos interesses dos poderosos da União Europeia. Saibam os senhores da União Europeia que o exercício de direitos democráticos e de soberania dos povos não é e nunca pode ser um problema.

O referendo britânico constitui uma oportunidade para se enfrentarem e resolverem os reais problemas dos povos. Está em causa todo o processo de integração capitalista da União Europeia devendo abrir-se um novo e diferente caminho de cooperação na Europa, de progresso social e de paz.

A União Europeia não responde às necessidades dos trabalhadores e dos povos. Assim, cresce a necessidade de enfrentar corajosamente os constrangimentos decorrentes do processo de integração capitalista europeu e de se encetar um caminho de cooperação baseado em estados soberanos e iguais em direitos. É cada vez mais urgente que Portugal se prepare para se libertar da submissão ao Euro, garantindo os direitos, o emprego, a produção, o desenvolvimento, a soberania e a independência nacionais.

Não há impossíveis. A soberania de um povo não se abate.

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