Opinião – Espanto?! De quê?

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Hélder Bruno Martins

Hélder Bruno Martins

É sexta-feira, 24 de junho, e acabo de saber que o Reino Unido optou sair da União Europeia. Viva a vontade do povo. Mas… porquê e como votaram os britânicos?

Em 1985, a União Europeia (UE) escolheu para seu hino o 4.º Andamento da 9.ª Sinfonia de Beethoven (obra por si composta em 1823 ) com poema de Friedrich von Schiller. De acordo com a própria Comissão Europeia, este hino evoca “o ideal da fraternidade universal” e foi escolhido, precisamente, para “exaltar os ideias europeus da liberdade, da paz e da solidariedade”.

Os líderes políticos da UE, tal como temos assistido, não têm correspondido na sua ação governativa aos “ideais europeus da liberdade, da paz e da solidariedade”, “ao ideal da fraternidade universal” que inspirou as opções dos lideres europeus anteriores.

A subjugação da condição humana aos “mercados”, a concentração da riqueza, a exploração, a corrupção, são insustentáveis. E têm sido várias as vozes que alertam desde há algum tempo para esta situação. Uma dessas vozes é a do próprio Papa Francisco. Há muito que a UE trocou os ideais humanistas pelos financeiristas e essa opção tem sido sentida, mais ou menos, por todos os povos da Europa.

Na realidade, a UE – tal como estava perspetivada pelos seus fundadores – já não existe há alguns anos. O resultado do referendo no Reino Unido não marca o fim da UE. Ele é, na minha perspetiva, consequência do próprio fim da UE. O espanto com que algumas personalidades reagiram publicamente à vontade do povo britânico revela uma certa ingenuidade… E vão seguir-se outros referendos.

É curiosa a forma como os britânicos votaram. De acordo com a comunicação social, as redes sociais digitais e a imprensa britânica, os britânicos votaram CONTRA a ATUAL União Europeia. Ou seja, votaram contra as políticas que têm vindo a ser implementadas pela União Europeia. Não votaram contra a EU. Há mesmo cidadãos que ao terem sabido dos resultados manifestaram-se arrependidos por terem votado pela saída. Houve mesmo quem expressasse, nas entrevistas transmitidas pelas televisões britânicas, que desejava votar novamente.

Nos 17.410,742 de votos pela saída do Reino Unido estão uma certa esquerda, muitos nacionalistas, conservadores, mas também muitos descontentes com as políticas desta UE. Este descontentamento é generalizado aos povos europeus. As reações em cadeia vão fazer-se sentir. É um momento histórico para a Europa e para o mundo. Julgo que se tratará até de uma oportunidade para ponderar o rumo que estava a ser seguido e corrigir a trajetória.

Espero que o espanto (na minha opinião e pelo que expus anteriormente – incompreensível) de alguns se transforme em humilde lucidez e racionalidade. Que os faça voltar à realidade que tanto precisamos…

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