Coimbra é cidade universitária em que a população flutuante assume extraordinária relevância, sendo os estudantes alma da urbe pelo vigor e perene alegria, por serem fonte de animação cultural e por vivificarem o comércio local, mas nem tudo são rosas, ao invés do que reza a lenda da cidade. Vejamos só dois aspetos duma urbe dotada de eterna, porque sempre renovada, juventude: a vida noturna e a circulação automóvel. Intensas, sempre que a cidade fervilha de estudantes! E caóticas, por falta de adequado enquadramento normativo e de vigilância aturada!
Na maior parte da cidade já não há limite aos horários a praticar por cafés, bares, restaurantes, discotecas e afins, que podem
permanecer abertos até às horas que entenderem, o que põe em causa o direito ao descanso de quem coabita com tais estabelecimentos, pelo que o povo decerto estará agradecido à Câmara por não impor hora de fecho a atividades ruidosas, e por certo que Universidades, Politécnico e Institutos aplaudirão uma decisão que não favorece a aquisição de conhecimentos pelos estudantes nem a produtividade da população em geral, mas que talvez pretenda apoiar a principal atividade económica de Coimbra… A indústria da noite, pois claro!
Quanto ao estacionamento automóvel na Alta, noutros Pólos da Universidade e nas redondezas do Politécnico (Agrária, ISCAC,
Engenharias, etc.), vê-se a mesma confusão que há junto às Escolas onde se cursa Enfermagem e outros cursos e artes. Veículos
por todo o lado será sinal de abundância de dinheiro entre os estudantes, que vão de carro para as aulas, ou será antes falta de
adequados transportes coletivos públicos? É que, por exemplo, para servir o Pólo II há duas linhas de autocarros, mas só uma é
funcional (embora demasiada escassa), por a outra passar por toda a cidade… E não há transportes públicos para quem termina as aulas já de noite, lá para os lados de São Martinho, em locais que são algo ermos e muito afastados do centro da cidade…
Melhorar o tráfego e o estacionamento automóvel na urbe passa também por dotar a cidade com parques de estacionamento
quase gratuitos, por intensificar redes de transportes públicos e por apostar em serviços de transporte pendulares curtos, como
entre a Universidade e o Parque da Cidade, como o que a autarquia decidiu implementar para retirar automóveis dalgumas zonas históricas e turísticas (a propósito, já o viu?!). E da Praça da República ao Largo D. Dinis, o que fará a Câmara? Um elevador panorâmico – ou mini funicular, como há na Covilhã – a ladear as Escadas Monumentais atraía turistas e exaltava vistas. Haverá visão, determinação e dinheiro?
Havendo maior preocupação com a sustentabilidade ambiental, há locais com Escolas e Hospitais que merecem ser servidos
por mais transportes públicos, que levem ao seu uso mais intensivo, melhorando a qualidade de vida de quem aqui habita, trabalha e de quem nos visita. Vejamos outro exemplo do que é inadiável. É difícil entender que não se resolva a gritante falta de estacionamento junto aos Hospitais da Universidade! Faltam silos de estacionamento, como o provam a imensidão de automóveis que todos os dias ocupam qualquer espaço que
permita parquear, e a impossibilidade física de expandir ou construir novos parques superficiais. CHUC e autarquia não terão
verbas para tais empreendimentos, mas não haverá privados interessados?
Tornar Coimbra num local ainda mais aprazível para viver não se esgota em conciliar o direito à diversão noturna dalguns com
o direito inalienável ao descanso retemperador de forças de todos, para melhorar a concentração no saber e no fazer, e por gizar soluções de mobilidade urbana mais eficazes e que melhorem o ambiente; estes são meros exemplos de questões simples de resolver, mas que exigem um ainda melhor planeamento urbano, para haver maior bem-estar!
Coimbra, cidade de estudantes…