O país político deveria aproveitar a atual mobilização popular em torno do tema escola pública vs escola privada para aprofundar o debate sobre o papel do estado moderno nos diferentes domínios da sociedade.
Afinal de contas, que tipo de estado queremos? Ou, podemos ter…Já entendemos todos que os recursos públicos são finitos e raras vezes bem geridos.
Considerando a nossa frágil e invertida pirâmide etária a tendência é agravar-se perante o aumento de quem precisa receber apoios (idosos) face à redução de quem os produz (jovens). Acresce, ainda, o crescente fluxo migratório com a saída de capital humano altamente qualificado. Basicamente, estamos perante a quadratura do círculo.
Tal como se equacionam os contratos de associação com determinados colégios privados, seguindo a mesma linha de raciocínio, também haverá quem possa levantar dúvidas sobre convenções na área da saúde que financiam projetos privados; ou subsídios no setor dos transportes – ainda há pouco soubémos da decisão do governo atribuir vários milhões de euros aos taxistas…; ou – o caso mais grave de todos – o financiamento público do setor bancário.
Afinal de contas, o resgate recente de determinados bancos que ruíram por incúria, incompetência e sem-vergonhice dos administradores, com o beneplácito dos reguladores, é uma forma de financiar o mais emblemático setor capitalista.
Quantas escolas e hospitais se poderiam construir com o que enterrámos nos últimos anos para “salvar” a tal banca?..E, a meu ver, o mais grave de tudo isto – a opção discricionária por intervir – tem-se feito sempre à conta de mais carga fiscal, que tão perversamente afasta investimento, prejudica a poupança e não gera empregos.
Em suma, o estado português tem sido errático e não tem sabido compreender qual o seu papel, dizendo presente em muitas circunstâncias onde não deveria estar, sempre por conta de mais impostos. O contexto atual ajuda a esse debate. Venha ele!