No passado fim-de-semana a FENPROF teve no Porto o seu 12.º Congresso e eu estarei lá, como planeio no momento em que escrevo este texto, para falar de memória da educação. Trata-se de algo a que me dedico nesta fase da minha vida, continuando o trabalho que iniciei há vinte anos no I Congresso Luso-Brasileiro de História da Educação, aonde fui incentivado pelo meu amigo Rogério Fernandes.
Nos últimos anos tenho andado à cata de indícios de um entendimento mais humano e rigoroso da gestão educativa e tenho sido feliz pois encontro amiudadas vezes algo como “Um ofício do Inspetor da 2ª circunscrição escolar nº 523, de 12 do corrente, enviando (de Coimbra), a proposta graduada bem como os documentos dos concorrentes ao lugar de professor da escola masculina de Lameiras” 1.
Infelizmente, pelo contrário vivi como professor atos de indisciplina dos vários poderes que atuam nas escolas, e que as degradam de forma malévola, numa agenda pessoal desconhecida por quem os observa.
Há cerca de dez anos, Maria de Lourdes Rodrigues começou um ataque sem precedentes à situação profissional dos professores. Antes David Justino tinha-os embrulhado numa teia de incompetências, que embaralharam o processo de colocação de docentes e fizeram adiar o início do ano letivo.
Depois não têm conta os sucessivos casos de má colocação de professores nos últimos anos. Esta ministra criou até com a inabilidade que a caraterizava a categoria de professor titular, criando e reforçando males através de professores incompetentes, que assim promoveu e do menosprezo de professores competentes que desconsiderou na sua capacidade pedagógica.
Um horror.
Com tudo isto a Escola Pública não melhorou o seu desempenho para desespero de professores que procuram dar o seu melhor contributo ao desenvolvimento dos seus alunos.
Foram parte do problema confederações de pais que, pelo seu seguidismo, prejudicaram a tomada de posições críticas por parte de pais e encarregados da educação. Outros profissionais da educação como os auxiliares de ação educativa conhecem também bem as condições difíceis, e até precárias em que trabalham.
Tudo piorou depois com Nuno Crato que muito prometeu e só aplicou uma desmazelada política educativa, mas antes tinha prometido lutar contra o eduquês e na sua marcha para o caos e incompetência, que promoveu, só demonstrou ser um fala-barato inconsciente. Foi a desilusão de muitos e agora há que desfazer o imbróglio que foi criando com a arrogância de um elefante que dançava desastradamente na loja de porcelanas que é a Escola Pública.
Será por isso tarefa dos próximos anos para professores, pais, alunos e demais profissionais e cultores da Educação reparar os estragos.
1 – Arquivo Municipal de Pinhel, Livro de Atas da Câmara Municipal de 26 de Março de 1913 a 17 de Novembro de 1915, Sessão Ordinária de 24 de Dezembro de 1913, folha 72 verso.