Opinião – Ainda tão longe!

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Paulo Júlio

Paulo Júlio

A vista de longe dá-nos sempre melhor perspectiva. A vida profissional obriga, algumas vezes, a estar longe. Longe de Portugal, da Europa, da economia e do que temos de melhor.

É em geografias como a China que percebemos, ao longe, quão longe estamos de determinados desígnios. Todos discutimos modelos, sejam económicos, sejam sociais. Queremos que a economia cresça, exportar mais, gerar emprego para os mais jovens, mas, realmente, ainda estamos longe.

Aqui, num mercado potencial de algumas centenas de milhões, para os nossos produtos nacionais, Portugal está longe de ser conhecido. Ao contrário, de Espanha, de França ou de Itália, para não falar do Chile, dando somente alguns exemplos, os nossos produtos da fileira agro-alimentar não são conhecidos. Têm espaço, mas falta marketing nacional.

Ontem mesmo (as novas tecnologias assim o permitem), no centro de Xangai, jantámos num restaurante português que na realidade é de um jovem luso-chinês que gosta de Portugal, passa música portuguesa e promove as nossas excelentes paisagens e monumentalidade singular.

É uma pequena amostra de boa divulgação, mas cumpre muito bem a sua parte. Daqui, percebe-se que somos pequenos, mas sobretudo não somos focados. Queremos promover Portugal, temos poucos recursos, fazemos umas viagens diplomáticas, mas falta o essencial.

Faltam meios para comunicar que Portugal, ali na Europa, é um país fabuloso que recebe bem qualquer turista do mundo, possui produtos de qualidade e quer voltar a ser global. Sim, porque se o país quer exportar mais, tem de ter essa pretensão e saber escolher os seus próprios mercados alvo.

Não incluir a China num roteiro desses é não perceber o que se passa no mundo. Não há milagres, mas sempre há soluções. Com um português conhecido em todo o mundo, como é Cristiano Ronaldo, Portugal bem poderia ter uma estratégia de boa divulgação do que sabemos fazer de melhor. Seja oferta turística, seja têxtil, seja sapatos, seja vinhos ou azeite, seja pescado, entre tantos outros produtos de primeiríssima linha que concorrem em qualquer parte do mundo, com os melhores.

Não sei quanto custaria. Mas, sei que o resultado para a imagem de um país como Portugal, seria muito maior do que tantas comitivas que, tantas vezes, estão longe de trazer bons resultados. Termino, como comecei. Ainda estamos longe.

Quando percebermos o papel que a promoção e a diplomacia económica pode ter no nosso futuro, quando percebermos que é necessário investir muito mais, em trazer potenciais investidores e clientes de vários sectores ao nosso país, de forma mais recorrente, quando constatarmos que poucos no mundo conhecem o que de melhor sabemos fazer, então, começaremos de forma mais focada, a caminhada de que tantos falam. Daqui de longe, fica a perspectiva.

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