Opinião – A fábula de Leicester

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Santana-Maia Leonardo

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Ao fim de 132 anos, o Leicester sagrou-se campeão inglês de futebol, o que foi saudado, de uma forma geral, por todos os portugueses mas que seria impossível de acontecer em Portugal, precisamente pela massa de que são feitos os portugueses.

Se os ingleses fossem feitos da mesma massa, o Leicester nunca teria hipóteses de ser campeão inglês porque, para que o sonho se realize, é necessário que uma comunidade sonhe. Ora, se o povo de Leicester fosse da raça lusitana, apenas acorreria ao estádio quando lá fosse jogar o Manchester United e para torcer pela vitória da equipa visitante. Como é óbvio.

Se não há nada que mais empolgue uma equipa do que o apoio incondicional do seu público, também não há nada mais destrutivo da moral de uma equipa que ver o seu público puxar pela equipa adversária.

Em Portugal, ao contrário de Inglaterra, as equipas “grandes” jogam todos os jogos em casa contra as equipas “pequenas”, numa das maiores manifestações de sabujice e servilismo de que há memória no mundo, chegando-se ao cúmulo de as equipas “pequenas” se prostituírem, aceitando mudar os jogos para um estádio maior, a troco de receberem mais uns cobres, para que a equipa “grande” ainda tenha maior apoio e mais hipóteses de sucesso.

À excepção do presidente do Vitória de Guimarães, uma cidade que faz jus ao nome de Afonso Henriques, todos os outros presidentes de clubes não têm rebuço em manifestar a sua preferência clubística por um dos três “grandes”.

Ora, quando até os presidentes dos “pequenos”, como eles próprios auto-intitulam os seus clubes, torcem por um “grande” como pode o “pequeno” sonhar sequer em ser campeão?´

Mas a hipocrisia, graças a Deus, sempre foi a imagem de marca do povo português.

Não há, no mundo, povo como o nosso para babar-se de emoção com os feitos dos pequenos mas, na hora da verdade, acolhe-se sempre sob a saia dos grandes.

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