Opinião – 95 por cento

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Ricardo Castanheira

Ricardo Castanheira

O que fará António Costa com a votação “a la Albânia” que obteve? Mais do que aceitar a bajulação própria do momento deve aproveitar o conforto deste número para provocar um debate profundo no partido.

Foi eleito com uma moção, que, é sabido, a esmagadora maioria dos votantes não leu, por isso mesmo permito-me sugerir que faça do Congresso um fórum de discussão inovador, aberto e para o futuro.

A reforma do sistema político (liderada pelo próprio António Costa ainda no Governo de Guterres) deveria voltar para cima da mesa; a relação de Portugal com o Mundo, e não apenas com a UE, deveria ser objecto de discussão; assim como a modernização do estado e da economia partindo dos ótimos exemplos do Simplex e dos programas de empreendedorismo.

Mas, verdadeiramente, o próximo Congresso não poderá esconder debaixo do tapete a discussão mais ideológica. As provocações de Francisco Assis e Sérgio Sousa Pinto são de enorme pertinência e necessidade.

Quem conhece os dois sabe que o fazem convictamente e com o escopo de contribuir para a afirmação do próprio partido. E

stigmatizá-los ou acontoná-los não servirá a ninguém. O tema é demasiado sério para ser abordado com maniqueísmo. A razão não assiste apenas a um dos lados. Sobretudo é um debate que antecipa o tempo.

O PS precisa de ter mais vida para além da atual solução de governo. Debater isto com mente aberta não significa retirar credibilidade ao modelo e acordos alcançados mais à esquerda, mas apenas reconhecer que o futuro é incerto!..

Ainda no tempo de António Guterres defendi a ideia de que o chefe do governo não deveria acumular a liderança do partido.

Achava – tal como hoje – que a bicefalia traria vantagens. O partido não seria governamentalizado – o que sempre acontece, perdendo capacidade e distanciamento crítico – e o governo tem horizontes que não se esgotam no partido.

Ao eleger, pela primeira vez, uma SG Adjunta Costa deu um sinal importante, que deve reforçar ainda mais no Congresso, permitindo essa saudável autonomia do partido face às coisas do governo.

Enfim, está visto, que 95% é muito mais que um número.

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