Opinião – País à mercê

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Luís Santarino

Luís Santarino

Não me parece que hoje me vá alongar na escrita. Não é que não haja motivos mais do que suficientes para o fazer. Só que, a gravidade dos assuntos é tal, que, a dedicar o meu precioso tempo, a alguns temas, seria para usar uma terminologia que já não é do meu agrado.

Não é que não tivesse a liberdade de usar, reciclar eventualmente alguns termos, mas sobejariam sempre os sinónimos.

Por isso, criarei uma cortina, não negra mas apenas cinzenta, por onde, apesar de não se compreender, algumas coisas terão o significado que cada um lhe quiser dar.

A relação entre pessoas e instituições está pelas “ruas da amargura”! Tal facto, deve-se sobretudo à falta de categoria, consubstanciada sobretudo na raiva que estupidamente assumida e que devotam, sem consciência do mal que fazem a si próprios e sobretudo, prejudicial para as instituições que servem.

Não se trata de nenhuma, nem nenhum em especial – apesar dos últimos dias serem pródigos em patetices – mas num todo, no global da sociedade que não se consegue entender, porque cada um não sabe ocupar o seu devido lugar.

Cada um a cada um, acha que tem poder discricionário, seja em que atividade for, como se não existissem regras de comportamento. Estar acima da ética não é possível e acima da lei, imperdoável.

Por isso não é só Coimbra que se espanta. É também o País com declarações de “ex-fazedores do 25 de Abril”, ex-Secretários de Estado, Presidentes de sindicatos, chefes seja do que for, ministros, “fugidores de impostos”, garotos arvorados em grandes líderes. Enfim, de tudo um pouco.

Gente de qualidade duvidosa a quem, por efeitos e defeitos vários, se alcandoraram a “postos” que numa sociedade decente nunca alcançariam.

Por muitas mais razões o comum do cidadão diz que se está a marimbar para a política, que muitos jovens qualificados fogem a “sete pés das jotas”, alguns deles com receio que até a sua consciência tentem comprar. Há gente que, acha que “somos todos iguais, só que uns mais iguais do que outros”!

Por isso, quando já ninguém acredita na justiça, esta que deveria ser a última defesa dos mais frágeis, o País ficou à mercê – aliás já estava há muito – dos mais requintados vigaristas, ladrões da nossa liberdade conquistada com sangue suor e lágrimas, transformando um belo País, numa enorme prisão onde se passeiam “fundacionistas” que fogem ao fisco roubando o que é legitimamente nosso.

De todos nós. Da nossa sociedade. Daqueles que vendem a sua força de trabalho muitas vezes a troco de pobres e parcos vencimentos, em nome de um futuro que é sempre e só de quem os explora.

Há que ter orgulho na nossa história. Na nossa história coletiva e responder de forma eficiente e eficaz.

De País colonizador, de País com o maior império colonial do mundo, de País que primeiro fez e desenvolveu a globalização, passou a ser um subserviente de uma Europa caduca e incapaz, dedicada a explorar os países mais pobres.

Estão a ferir-nos o orgulho. Não os alemães, franceses, ingleses ou dinamarqueses. Quem nos está a ferir o orgulho são os que falam a nossa língua, mas que não sentem como nós.

Inverter é difícil, ou talvez fácil, se a Europa se desmoronar como um castelo de cartas.

Não é desejável que tal aconteça, mas é desejável que gente séria, de uma vez por todas, assuma que na Europa não somos “mais um”, mas sobretudo um.

É por isso que luto e que escrevo para respeitar a nossa história e memória coletiva.

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