Desde 1890 que se celebra, no Primeiro de Maio, o Dia do Trabalhador, mais tarde tornado feriado em diversos países do mundo.
Tal dia devia ser comemorado em união por quem vive à custa do trabalho, sejam patrões ou operários, mas ainda hoje nem sempre tal acontece. Aprendi cedo que o trabalho dignifica os homens e que todos os trabalhos honestos devem ser valorizados socialmente, e fui percebendo que o nosso país nem com vastas ajudas externas tem gerado riqueza bastante para satisfazer a necessidade de trabalho da sua população ativa.
Assim foi dantes, mas o mesmo acontece agora, em que as mudanças ocorridas colocaram partidos políticos, que dizem representarem os trabalhadores, a apoiar quem governa este pobre país.
Tive a satisfação de, após o 25 de Abril, participar em festas de empresas nacionais que celebravam o primado do trabalho na prossecução da grandeza humana. Recordo, ainda com emoção, ter entrado em espaços fabris em que se trabalhava duramente ao longo do ano, e sentir um ambiente de festa, com as singelas bancadas de trabalho agrupadas e forradas com toalhas de papel para que, nesse dia tão especial, todos os colaboradores dessas empresas, e alguns convidados, comungassem à mesma mesa um ideal único, como o é exaltar o Dia do Trabalho, ou não seja o trabalho a forma mais íntegra que há de cada um ganhar, no dia-a-dia, a sua vida.
Mas não se diga que o reconhecimento da valia dos trabalhadores veio com o 25 de Abril, pois antes já havia empresários capazes de louvar a dedicação ao trabalho dos colaboradores das suas empresas. Relembro que as empresas que conheci no centro do país se distinguiam por serem geridas de modo sóbrio e não ostentativo, muito diverso do que acontecia noutras empresas doutras regiões, onde aparatosos “ferraris” e similares – de faustosos donos daquilo tudo – estacionavam ao lado de desgastadas “motoretas” de trabalhadores explorados, evidenciando desigualdades sociais gritantes… Oxalá nunca seja esta a forma de estar na vida dos empresários da região centro, em que tais diferenças não eram então tão acintosas e chocantes!
Hoje em dia, o mundo do trabalho atravessa em Portugal uma crise profunda. O fecho de muitas empresas leva os desempregados a buscarem crescentemente trabalho no exterior, mas nem com esta imensa emigração se sustem a degradação da qualidade de vida da nação. Acresce que os partidos políticos estão desacreditados por falta de credibilidade, de coerência e de valores, o que conduz a sociedade a descrer de quem governa, e a perder a esperança de ter melhor futuro.
Ora um povo sem esperança é um povo que caminha para a morte. É forçoso encontrar formas de fazer acreditar a todos que Portugal tem futuro, e que os nossos jovens não estão condenados a terem subempregos ou a terem de emigrar para longínquos lugares, para sobreviverem apenas. É preciso que os idosos deste país tenham um final de vida digno! E é imperioso que a força de trabalho, que no próximo dia 1 de Maio voltará a celebrar o Dia do Trabalhador, não esmoreça!
A chave de melhor futuro não é única nem milagrosa. Não depende só dos operários, gestores e empresários. Depende também de quem governa. Exige competência nas diversas áreas do labor e empenhamento total, para vender em mercado os frutos do trabalho. Carece de motivação pessoal, enquadramento social e de ferramentas capazes de aumentar a competitividade nacional.
Só seremos mais competitivos se, onde houver trabalhadores, públicos ou privados, e em qualquer organização, vise ou não o lucro, existir vontade férrea de vencer. Maior progresso e justiça social passam pela formação contínua da força de trabalho, e construir melhor futuro exige empenho e capacidade de trabalho de todos e cada um, sem distinção de título ou posição.