O início de actividade do Equipamento de S. Francisco significa, para mim, uma enorme alegria. Felicitando as Câmaras que levaram a efeito as obras e apenas como subsídio para a história, cito um texto publicado por mim há 6 anos, no acto de consignação da empreitada, em Outubro de 2010.
“Somos obrigados a admitir que a nossa história colectiva é muito mais densa em projectos que o tempo consome do que em grandes projectos realizados. É mesmo um susto rever este nosso particular condão. É como se o mundo dos sonhos nos revelasse um repetido pesadelo.
Serão contingências várias, responsabilidades difusas, tremores de última hora, crises, reformulações, hesitações, desistências que o provocam.
O facto é que acumulamos razões de desânimo.
Trata-se de uma falência continuada que nos tem levado a perder oportunidades e a debilitar objectivos.
O que se passou, até agora, com o Convento de S. Francisco alinha-se neste longo rosário.
Celebrada que foi a sua compra, em 10 de Julho de 1986, iniciou-se uma longa discussão sobre o seu destino útil.
Quando alguma comemoração despontava, era o Convento lugar de procura e os seus espaços albergue temporário de iniciativas mil. Depois da Capital da Cultura tornou-se quase um hábito cultural contrastar a nudez das paredes com a riqueza das artes.
Mas, pelo meio de tudo isto, conseguiu fazer algum consenso o destino como Centro de Convenções. A tese consistia num pensamento simples. Se em Coimbra a Universidade fornecia a matéria prima dos Congressos e das reuniões científicas e se era marcante a ausência de condições de realização e de dimensão de salas e estruturas próprias a esse destino, então urgia criar um Centro de Convenções.
Se o turismo de Congressos, aliado ao turismo cultural, era a saída possível para o turismo em Coimbra, então S. Francisco oferecia a solução.
Apoiava-se num estudo realizado que demonstrava a carência de uma sala com a capacidade de 1200 lugares.
O que fizemos foi muito simples. Em primeiro lugar, seleccionar o projectista. Porém, acrescentámos valor à sala pretendida.
Quisemos defini-la, também, como uma grande sala de espectáculos onde pudessem conviver a ópera, o bailado, os grandes concertos, o teatro.
Aquilo que notoriamente falta a Coimbra.
Carrilho da Graça deu início ao projecto a apresentou o primeiro estudo. Foi um caminho longo, que se tornou mais difícil após a descoberta da colisão com a área de protecção do Convento de Santa Clara a Nova.
Levantado o problema pelo então IPPAR, entendeu-se confiar na sua intervenção para redesenhar as condicionantes e aproveitar esse trabalho para nele incluir as áreas de protecção de Santa Clara a Velha e de S. Francisco.
Este núcleo de Santa Clara é de uma invulgar riqueza no seu conjunto. Santa Clara a Nova, o Portugal doa Pequenitos e o seu novo desenvolvimento, a Quinta das Lágrimas e o seu futuro Centro de Interpretação da Primeira Dinastia, Santa Clara a Velha enriquecida com o projecto que também levou doze anos a cumprir, o Exploratório, as facilidades de lazer na margem esquerda do Rio, agora o Centro de Convenções.
Tudo somado, até os mais cépticos perceberão do que falamos.
Talvez não seja exagero falar de uma nova visão organizada da oferta disponibilizada por Coimbra.
Não vai favorável o tempo para grandes obras.
Centremo-nos nas essenciais.
Esta, do ponto de vista cultural e do ponto de vista turístico, é a obra.
Ficamos por aqui?
Não, convém manter a ambição e a capacidade criativa.
Imaginámos um novo desafio que passa pela colaboração entre a CCDRC, o POVT, a Diocese e a Câmara.
Trata-se de oferecer um complemento útil ao Centro de Convenções.
A ideia, já assente na proposta elaborada, é adicionar ao projecto aprovado a recuperação da Igreja do Convento como Centro de Artes, designadamente arte contemporânea, que permita a realização, nela, de actos culturais”.