Opinião – Coimbra é diferente. Nem melhor nem pior… Só diferente!

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Luís Santarino

Luís Santarino

Ao longo de muitos anos, Coimbra sonhou e desesperou por um Centro de Congressos. Seria legítimo que assim fosse, dada a importância que Coimbra desde sempre assumiu no contexto europeu e mundial nas áreas da saúde, da educação, tecnologias e demais áreas científicas.

Associado, não seria despiciendo que um centro cultural lhe estivesse acoplado, sem que uma área a outra prejudicasse. Pelo contrário, deveriam ser complementares. Exercício difícil mas não impossível.

Admiro as palavras, corajosas, do Presidente da Câmara quando afirma que “o Centro Cultural de Belém e Serralves passam a contar com mais um parceiro e em certos casos, com mais um concorrente”. Gosto particularmente desta afirmação, dado que o centro do país é determinante para o nosso futuro coletivo.

Será porventura um exemplo para que se acabem as tentações hegemónicas de “Norte e Sul” como se de um mero exercício geográfico grosseiro se tratasse.

Aliás, a título de exemplo desportivo, irritam-me sobremaneira quando se fazem jogos “norte sul”, como se o centro e as ilhas não contassem. Melhor, a Madeira fica a norte e os Açores a sul.

É um abuso a tentativa colonial de duas regiões sobre o centro do País. Quem vai ter a sua posse? Como as vamos dividir? Pataca a ti, pataca a mim. Enfim, um rol de enormidades praticadas as mais das vezes por provincianos – define-se como provinciano, o cidadão nascido na província que vai para Lisboa ou Porto, por lá fica, e esquece a terra que o viu nascer -.
Na verdade, ao longo do tempo tal tem sucedido. Um destes dias chamei a atenção a uma jovem na Cidade de Coimbra nascida que, a certo momento de um comentário, dizia: lá regresso eu à “parvónia” para mais um fim de semana!

Não fiquei ofendido, mas triste. Chamei-lhe a atenção, ela percebeu que a sua e nossa cidade nada fica a dever a outros centros. Quem nos está a dever e muito, são aqueles que “vazam” e sempre que podem a amesquinham.

Há alturas em que se perde totalmente a vergonha, quando gente de Coimbra se verga ao poder de Lisboa numa subserviência patética. Vá-se lá saber em nome de quê!

Este Centro de Congressos, Cultural, ou outra coisa qualquer, deverá ser “aproveitado” por todos os conimbricenses que deverão estar orgulhosos da sua cidade. E não, como já vou lendo por aí, que vai “ser um elefante branco”, uma desgraça porque não temos público, que vai ter uma programação medíocre porque o dinheiro não abunda, o que se fazia com tanto dinheiro se pagassem às companhias da cidade, enfim, uma série de enormidades e bestialidades a que infelizmente as redes sociais nos habituaram.

Relembraria a célebre frase de John Kennedy devidamente adaptada a Coimbra: “não pergunte o que Coimbra pode fazer por si, mas o que é que você pode fazer por Coimbra”!

Se cada um de nós fizer qualquer coisita por Coimbra e pela nossa região, estamos a afirmar uma identidade própria. Do litoral ao interior é desejável que Coimbra se reencontre com os seus vizinhos, não como uma “potência colonizadora”, mas como potência dinamizadora de uma ideia e um projecto comum.

Eu estou feliz com o acontecimento. Estou feliz pela revitalização de um espaço e de uma zona geográfica. Estou feliz porque hoje sou mais Coimbra do que era ontem.

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