Acredito num sistema político que se centre estrategicamente na Educação, enquanto principal setor de promoção de progresso, e que considera as senhoras professoras e os senhores professores os principais agentes de promoção de desenvolvimento (humano, claro!…não há outro desenvolvimento que não comece pelo ser humano… Quer dizer, há outro: aquele que nos dizem começar “nos mercados” e noutras instituições financeiras – o que temos tido!).
A escola de hoje não responde às características humanas das novas gerações e, mais grave ainda, vai atrás das exigências do Sistema.
A institucionalização da criança na escola durante 12 horas por dia (ou mais, em muitos casos) acompanhada pelo esgotamento físico e emocional de uma esmagadora maioria das famílias que trabalha para obter ordenados de “sobrevivência” está, na minha opinião, a condicionar o nosso futuro coletivo. O quotidiano destas crianças é bastante exigente para qualquer adulto!…
Cheio de regras e de pressão: acorda, toma banho, veste-te, toma o pequeno almoço, “depressa!”( tudo depressa!), lava os dentes, “vai”… vai para a escola, vai sentado, calado e quieto no autocarro… entra nas AAAF/ATL, brinca sem fazer barulho, nem correr, nem transpirar, nem sujar… Vai para a sala, senta, cala, aprende, faz, “depressa!”, vai ao intervalo, “não te aleijes”, não corras, não grites, “é assim!”, lava as mãos, vai para a sala, senta, cala, aprende, faz – “não é assim!… estás distraído” (“ou distraída”, que o género pouco interessa)… “tens que aprender isto (mesmo que gostes daquilo!)”, vai almoçar, lava as mãos, come tudo, levanta-te, sai do sol, sai da chuva, não corras, não caias, não te aleijes, “é assim!”, já tocou, vai para a sala, senta, cala, aprende, faz, “muito bem! Está correto! É assim que tens que fazer! (mesmo que não queiras!)”, vai para casa, “está alguém?”, “ainda não… estão quase a chegar”… Já estudaste? Estou cansado! Estou cansada! Vem jantar e vai dormir… Amanhã tens que te levantar cedo…
Onde está o espaço para crescer na sua dimensão individual?
Onde está o espaço para a promoção da criatividade? Da emoção? Dos afetos e dos sentimentos? É das emoções, dos afetos e dos sentimentos (humanos) que resultam as competências básicas para a “cidadania”, para o “empreendedorismo”, para a “matemática” e a “ecologia”, para a “solidariedade” e até para a verdadeira paixão pelo saber, pelo conhecimento.
Que escola é esta que normaliza, padroniza, formata comportamentos, atitudes, modelos de pensamento, de acção e de vida?
Que escola é esta que castra a dimensão humana? Que programa para viver e não deixa viver para programar. Que escola esta…
One Comment