Opinião – Democracia e dessacralização dos saberes

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Hélder Bruno Martins

Hélder Bruno Martinsé

A Democracia não é apenas e somente o simples ato de exercer o direito do voto. Essa seria uma simples Democracia Política (e, mesmo assim, sujeita ao marketing e à manipulação, o que debilita a opção consciente e lúcida do voto).

Para além do acesso ao voto é necessário garantir a Democracia na Educação, na Cultura, na Justiça, na Economia… em todos os setores da sociedade.

Os únicos entraves e limitações justificáveis no percurso social e cívico de cada individuo serão, unicamente, aqueles ditados pelo seu contexto individual e que nenhum processo e política de inclusão conseguiu solucionar e resolver.

Em Portugal o percurso realizado nos últimos 40 anos no que toca à implementação da Democracia foi, sem dúvida, notável (mesmo com todos os erros, falhas e excessos cometidos). Foi esse processo de instauração e implantação operativa da Democracia que proporcionou a redução acentuada do analfabetismo e o aumento exponencial da escolarização dos portugueses (entre outros aspectos muito relevantes, na Saúde, na Ciência, etc.).

Os últimos 40 anos de Democratização e os canais, as fontes e as plataformas de disponibilização de informação existentes no nosso tempo abriram um novo campo de reflexão em torno dos processos de formação/educação.

O acesso (a democratização) às fontes de informação de várias áreas do saber possibilita que determinadas áreas de atividade profissional, outrora desempenhadas por bacharéis ou licenciados, possam ser desenvolvidas atualmente por cidadãos sem qualquer formação superior mas que, no entanto, são fruto de um processo político de democratização da educação, da informação e dos meios de comunicação (incluindo aqueles proporcionados pelas novas tecnologias). É assim da medicina à gestão, das engenharias às ciências.

E basta um pequeno exercício sobre os nossos próprios dias para percebermos qual o verdadeiro impacte da democratização do acesso à educação e à informação nas reflexões e tomadas de decisão do nosso quotidiano (“da medicina à gestão, das engenharias às ciências”).

Evidentemente que o ensino superior é fundamental para o progresso da própria Democracia e das sociedades. Nos últimos anos as Universidades assumiram, gradualmente, um papel institucional que está muito para além da “formação profissional”.

Mais do que memorizar processos, modelos, técnicas de solução e resolução de problemas até determinado nível operativo no mundo profissional (e não só), é fundamental que o indivíduo seja detentor de competências que lhe permitam pesquisar, recolher e analisar informação, sistematizá-la e utilizá-la no sentido de encontrar soluções e resolver problemas do seu quotidiano profissional.

É por este conjunto de razões que é fundamental refletir sobre os conteúdos programáticos e as áreas de estudo do sistema educativo nos vários ciclos de ensino.

Processo moroso, complexo, difícil mas que traria benefícios ao desenvolvimento da nossa sociedade.

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