Opinião – Cem dias depois…

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Gil Patrão

Gil Patrão

Após cem dias de governação PS, apoiada pelo BE e CDU, o governo já devia ter alterado matérias de fundo que mostrassem que é capaz de gerir o país de forma diferente e melhor do que fez a coligação de centro-direita nos últimos anos, mas há questões que, embora determinantes para o desenvolvimento, continuam por cumprir.

Por falta de espaço, atentemos apenas em duas falhas do anterior governo que permanecem inalteradas e questionemos algumas políticas económicas e sociais do atual governo, por serem cruciais para o nosso futuro.

Continuam a ser garantidas rendas públicas – tão excessivas que são obscenas – a empresas de transportes, telecomunicações, energias, farmacêuticas e banca, entre outras, no que será certamente o mais vergonhoso exemplo do servilismo político perante os interesses económicos.

Terminarão os esbulhos ao povo, ou será de novo como quando o PS foi governo? Que farão bloquistas e comunistas? Sobretaxar o lucro ilude a questão e demonstra falta de coragem para diminuir rendas ao grande capital… Serão todos os partidos políticos coniventes com escândalos que duram há tanto tempo, ou imporão às grandes empresas que pratiquem preços justos pelos serviços essenciais que prestam, e que haja mais concorrência e transparência nos mercados? E quando deixarão de culpabilizar quem só pode regular o cumprimento de políticas e normas da responsabilidade dos governos, pelas empresas que atuam em mercados regulados pelo Estado?

Este governo não apresentou um conjunto de medidas para emagrecer o Estado e retirar mordomias e regalias a deputados e governantes, para se iniciar a Reforma de Estado. O partido socialista e os da extrema-esquerda ainda não debateram estas questões na Assembleia da República com quem governou na anterior legislatura sem conseguir reformar o Estado.

Esquerda e extrema-esquerda cortarão empregos públicos? Deixarão de nomear “boys & girls” para lugares remunerados a peso de ouro? Travarão despesas sumptuárias de políticos e administração pública? E esta, quando “pensará cliente”? Os ministérios (ambiente, economia, agricultura e outros) e as autarquias serão vetores dinâmicos para haver desenvolvimento capaz?

Com a economia a claudicar, socialistas, bloquistas e comunistas nem promovem um ambiente competitivo que atraia investimento estrangeiro nem criam leis que estimulem a iniciativa privada e diminuam dívidas (pública, de particulares e de empresas).

Capital e empregos geram crescimento económico e melhoram a qualidade de vida, e bloquistas e comunistas – que desafiaram um líder tão sedento de poder como o seu partido de “tachos”, a derrubar um governo que estava a recuperar a economia e a ganhar a confiança externa – sabem que sem políticas sólidas e eficazes de promoção e apoio à economia, não se esbatem desigualdades. Sendo contrários à economia privada, apoiam o governo por se ter convertido às teses marxistas e trotskistas? Se a economia vier a colapsar, culparão então o irrealismo económico do governo?

Pouco se pode alterar em cem dias, mas cem dias davam para abolir rendas excessivas, injustas e imorais, que indignam quem viu PS, BE e PCP aumentarem as pensões mais baixas entre 81 cêntimos a 2,5 euros por mês. Entre 3 a 8 cêntimos por DIA! É digno? E é justo?!

Contudo, cem dias bastaram, a quem tudo prometeu para governar, para aumentar ao povo tantos impostos indiretos. Dirá o PS que o seu governo durará a legislatura, à força de compromissos. Bloquistas e comunistas dirão que este “seu” governo PS garante os interesses populares.

Que dirá o povo, ao constatar que muitos compromissos são tão irrealistas que arrasam a débil economia do país?

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