Presidente,
Dirijo-me ao brilhante professor de Direito, ao acutilante pensador e ao ousado cidadão. Prefiro assim. Vamos esquecer o candidato tacticista, que venceu sem brilho as eleições presidenciais. Hoje, é o nosso Presidente. Ponto. De todos os portugueses, como dizia Mário Soares.
Precisamos da sua criatividade. Portugal é historicamente a mais global das nações, sem o ser, hoje, de fato. Estimular a criatividade nacional para criar riqueza exportável é condição “sine qua non” para prosperar num ambiente globalmente competitivo. Não chega sermos bons no rectângulo, temos de ser ótimos no Mundo. E temos tudo para vencer.
Precisamos da sua capacidade mobilizadora. Encontrar novas elites é urgente. Faltam lideranças académicas, sociais, políticas e económicas ao país. A um Presidente deve caber a tarefa simbólica de estimular a criação de talentos e, sobretudo, envolvê-las no pensamento sobre o futuro nacional.
Precisamos da sua força agregadora. O país está ainda fracionado na sequência das últimas eleições. Um país dividido entre esquerda e direita é uma ficção. Só pode ser entre quem quer mais e muito mais. A Presidência não pode ser parte do problema (como foi), mas da solução. Provocar acordos de regime (da Educação à Justiça, passando pela Segurança Social) é pois essencial para quem precisa crescer integrado num espaço europeu.
Precisamos de emotividade presidencial. De muito mais coração – além da razão – na relação com os Portugueses. De quem nos recorde todos os dias das tarefas, mas das virtudes; das dificuldades, mas das competências; dos desafios, mas também das grandezas.
Em suma, reserve para si um papel transformador para “recriar a democracia”e não apenas o de “mangas de alpaca” constitucional, que foi o seu antecessor.