A Associação Académica de Coimbra (AAC) vai realizar uma iniciativa simbólica no Dia do Estudante, a 24 de março, para chamar à atenção para a necessidade de revisão do Processo de Bolonha.
Os estudantes de Coimbra aprovaram, em assembleia magna na noite de segunda-feira, a realização de uma iniciativa simbólica no Largo D. Dinis, na Universidade de Coimbra, em que na estátua do antigo rei de Portugal estará “um professor” e os estudantes “sentados por baixo dele”, de forma a alertar para um ensino “muito centrado no docente”, disse à agência Lusa o presidente da AAC, José Dias.
“É prioritária a revisão do Processo de Bolonha”, considerou o dirigente estudantil, sublinhando que os modelos de aprendizagem aplicados com esse documento europeu não têm sido “benéficos” para os alunos portugueses.
Na assembleia magna, os estudantes aprovaram também o regresso da presença da AAC aos Encontros Nacionais de Académicas (ENA) e aos Encontros Nacionais de Direções Associativas (ENDA), nove meses depois de terem determinado a saída do movimento associativo nacional.
A rutura com o movimento surgiu após a recusa da AAC em almoçar com o primeiro-ministro, então Pedro Passos Coelho, no Dia do Estudante, 24 de março. Perante essa decisão, a academia foi recebida com “hostilidade e repressão” dentro do seio do movimento associativo, não tendo visto “vontade de se trabalhar em conjunto por parte de algumas estruturas”.
Agora e face a um “contexto político completamente diferente”, a mais antiga associação de estudantes do país vai voltar a participar em ENA e ENDA, mas “sem exercer o direito de voto”, afirmou José Dias.
Segundo o dirigente estudantil, este não é um regresso efetivo, pois a AAC vai apenas participar na discussão das diferentes temáticas abordadas, recusando-se a participar nos momentos de decisão do ENA e ENDA por não concordar com o atual modelo.
José Dias frisou que o objetivo da AAC é levar até ao movimento associativo nacional a discussão em torno do modelo de decisão, que neste momento é feito de modo “nominal” e não “por voto proporcional”. Ou seja, atualmente, associações que representem 1.000 estudantes têm o mesmo poder de voto que estruturas que representem 20.000.
O presidente da AAC afirmou que a proposta de reformulação do modelo de decisão deverá ser apresentada no ENDA que se vai realizar em junho.
Durante a assembleia magna, ficou também determinado que a associação vai convidar o Presidente da República e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) para visitarem a 17 de abril as residências universitárias de Coimbra, que se encontram em “condições deficitárias”, aproveitando o momento para debater um reforço da ação social direta e indireta.
Os estudantes reprovaram ainda uma proposta de apoio de transporte aos estudantes da Universidade de Coimbra que quisessem participar na manifestação nacional de estudantes, marcada para 15 de março, em Lisboa.