Opinião – Notas sobre os dias que insistem em ser iguais

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Norberto Pires

Norberto Pires

Prejuízos aos milhares de milhões: O NOVO BANCO apresentou prejuízos de 980 milhões de euros, registou 1058 milhões de euros em provisões e imparidades e vai despedir 500 pessoas.

O Governador do Banco de Portugal já veio garantir que está tudo bem e e reitera o “apoio à implementação, pela equipa de gestão, do plano de reestruturação oportunamente apresentado e aprovado pelas autoridades europeias”.

Os 10 milhões de acionistas estão cá para cobrir o prejuízo e as falhas de gestão, supervisão e atenção.

Portugal que já foi 2014-2020: A execução do PT2020 é uma miséria. Péssimo trabalho feito na montagem do programa, como alertei em devido tempo, por um péssimo ministro (Miguel Poiares Maduro e respetivo secretário-de-estado Castro de Almeida). O Governo anterior queixou-se muito, e bem, do QREN: arrancou com atraso e tinha grandes deficiências. Mas fez um péssimo trabalho com o PT2020, o que está a prejudicar duramente a Economia.

É o que dá meter BOYS a gerir os interesses nacionais, nos programas operacionais regionais e na agência de desenvolvimento e coesão, e não considerar em primeiro lugar os interesses de Portugal. Lamentável. Um país que insiste em desperdiçar oportunidades atrás de oportunidades.

OE2016: Ouvi o discurso de Pedro Passos Coelho (PPC) no encerramento do debate na generalidade do OE2016. Há duas coisas, vá três coisas, que me deixam muito admirado (nada surpreendido, mas somente admirado). 1 ) O facto de PPC dizer, com todas as letras, que é o maior fator de união da maioria de esquerda – a qual classifica como muito prejudicial para o país – e não tirar disso a mais leve consequência pessoal.

É verdadeiramente inaudito. Especialmente num partido que faz sua bandeira isso de pensar primeiro no país, na democracia e na liberdade, e só depois no partido e na circunstância pessoal de cada um. Ah! isso era com o social-democrata Sá Carneiro, desculpem o engano; 2 ) O PSD não ganhou as eleições, em coligação com o CDS? Porque não foi capaz de formar um Governo com apoio maioritário no parlamento? Porque razão não foi PPC capaz de unir as vontades necessárias?

E se não foi, e verificava que aquilo que unia a maioria de esquerda era a rejeição a ele próprio, isso não permitiria também concluir : a) que é mentira o que anda a dizer, isto é, afinal o resultado das eleições de 4 de Outubro foi uma grande derrota pessoal de PPC, e não uma vitória (o PSD até teve um dos piores resultados de sempre) e b) que a chamada “direita” deveria estar muito zangada com PPC pois ele foi incapaz de transformar uma vitória eleitoral num Governo e, reconhece agora, que é o fator de união da maioria de esquerda;

3 ) Nesta linha de pensamento, e apelando à lógica, não deveria PPC deixar de insistir na “usurpação” e “ilegitimidade” deste Governo (como voltou a fazer no discurso final de encerramento do OE2016 )? É que ele (Governo) existe e aparentemente continuará saudável, citando as próprias palavras de PPC, porque o que os une é a rejeição a Pedro Passos Coelho. Se assim é, não querendo duvidar do raciocínio de PPC, então se for removida a “cola” a coligação desaparece.

Será? E isso não lhe permite, se mal pergunte, concluir nada? E se permite, e não pretende tirar consequências pessoais (por razões de sobrevivência), não seria melhor nem voltar a falar nesse assunto?

Também ouvi o discurso de Assunção Cristas (AS). Há uma nuance no seu discurso que merece destaque. Enquanto Paulo Portas andava pela América Latina (a agradecer aos países que ajudaram Portugal – ehehe) e faltava ao debate do OE2016, AS teria imposto a Portas que o CDS fizesse propostas de alteração ao OE.

Enquanto isso, PPC – preso à ideia maluca de Primeiro-ministro no exílio – insistia em não fazer propostas de alteração e na ideia da “usurpação” e ilegitimidade do Governo, ficando assim com todo o legado histórico da PàF. Legado esse que a AS lhe dá de bom grado. Poderá crescer, enquanto for assim.

No debate do OE o Governo defende os seus argumentos e a oposição critica e mostra a sua alternativa. Certo? Aparentemente deveria ser assim, mas o que vimos no debate foi um debate sobre o passado, num país que precisa desesperadamente de ter futuro. Impressionou-me especialmente a atitude do PSD: um partido amargo, ressentido que se comporta como se fosse uma espécie de Governo no exílio, com PM e tudo, e que ainda não percebeu que é oposição e que se não muda rapidamente de atitude, discurso e protagonistas, vai ser oposição durante muito tempo.

Convenceram-se de que vão ser Governo de novo a seguir ao verão, fazendo-se de mortos e falando do passado, e não percebem que isso um “exercício inútil” para o país.

Ainda sobre as cheias de Coimbra: “Tirem a cabeça da areia! Por Coimbra!”. A secção de desportos náuticos da AAC publicou na sua página de Facebook recortes de jornal e declarações de responsáveis locais que diziam em 2006 que iam resolver o problema era já “amanhã”.

Entretanto, 10 anos depois, a areia e o lixo lá continuam e tivemos duas cheias em 20 dias. Como dizia alguém que atira postas de pescada para o ar: “Não acredito que no século XXI as cheias não tenham sido erro de alguém”. Pois…

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