Ricardo Castanheira

Não me venham com mais pieguices e lamúrias. Portugal está firme e forte. E recomenda-se! Afinal de contas, andaram-me a contar estórias da carochinha: o desemprego, a crise, os coitados dos pensionistas, essa porra do défice e os chatos dos emigrantes.

Os gajos que perderam dinheiro no BES deve ser tudo treta. Aliás sobre essa coisa da Troika só podemos concluir que era um bando de bons rapazes, que, embalados na moda turística, quiseram vir passar uns meses a Portugal.

Cambada de malandros não gostam de trabalhar, por isso os desempregados são apenas os dispensáveis. Não fazem falta. O governo tomou as medidas necessárias para “separar o trigo do joio” e o resultado está à vista: o país melhorou. Anda tudo mais satisfeito, as contas estão no azul e a rapaziada da Troika até foi embora.

Não há dinheiro?.. Uma merda. Ontem, em Coimbra, tentei reservar mesa para jantar e apenas à quinta tentativa consegui um espaço para juntar uns amigos. Prova de que anda tudo bem disposto e com graveto para gastar.

Mas se dúvidas ainda houvesse as “sondagens” estão aí a demonstrar que o povo está contente. A Coligação de Direita está firme e forte e a loucura é tanta que até já pedem maioria absoluta. Desfaçatez e pouca vergonha?.. Não, porra, nós é que andamos a ver o filme errado. Está tudo bem no “cantinho à beira-mar plantado”.

Regresso ao Brasil mais triste. Desta vez – a primeira em cinco anos – não apenas por saudades, mas profundamente preocupado com um país doente na sua cidadania.

Tudo isto me lembra o naufrágio do Titanic, quando os músicos da orquestra continuaram a tocar, embalando os passageiros, até o barco se afundar por completo! Assim vai Portugal!..