Muito se estuda sem que se chegue a conclusões que levem a algum plano que resolva os problemas. Acontece agora de forma evidente no caso da Ásia e da África, onde os sucessivos planos de desenvolvimento, impostos pelas grandes empresas em nome da Europa e dos Estados Unidos da América, desembocaram em grandes e por agora inexplicadas migrações.
Nada disso nos faz lembrar o estudante “Inteligente e aplicado, com conhecimentos de latim, francês, e matemática, (que) foi para Coimbra como praticante numa farmácia da Rua da Sofia, e aí continuou a estudar, até que partiu para Lisboa, onde foi frequentar o Curso Superior de Letras…”1.
Nada desses estudos nos dá ideias para melhorar o mundo e só porque se esqueceram de ver porque as ideias falham sempre. E a razão é a ingenuidade destes estudos perante o crime e a perversão que campeia na economia, e que “certa política” defende e justifica como inevitável.
Esquecendo isso, alguns economistas defendem a ideia de que o importante é transferir indústrias para países de mão-de-obra barata, onde fariam subir salários e melhorar um pouco o nível de vida desses povos, piorando a vida dos trabalhadores dos países desenvolvidos. Contudo, a vida mostrou que nada disso resolve e desenvolve a economia mundial.
Agora como contradição dramática, a promoção das guerras para acesso a bom preço ao petróleo da África e do Médio Oriente criou focos de tensão, que fizeram transbordar gente destas regiões, que invadem de modo dramático a Europa que assim se sente pateticamente impotente.
Alguns alunos aplicados até vêm adiantar a ideia peregrina de os enviar em voos low-cost em vez de atravessarem em “cascas de nozes” o Mediterrâneo. Esquecem que o problema tem de ter uma solução global, que impeça as disfunções do sistema financeiro, que impõe austeridades nos países mal governados da Europa e muita miséria na Ásia, África e Américas.
De facto, enquanto se mantiverem em marcha as lógicas perversas que provocam guerras hipocritamente olvidadas, como a da Síria ou impõem políticas de austeridade na Europa que não levam a nada de bom.
Concluímos assim que os homens e mulheres que aplicadamente fazem contas quantificando soluções que não funcionam, devem com inteligência e humanidade refazer os raciocínios, alterando os pressupostos e deixarem de ser os paus mandados de gente perversa.
Na verdade, sabemos como o crime travestido de ideias “inteligentes” nunca pode fazer funcionar um mundo melhor, em particular quando assume como objetivo transferir riqueza para alguns, tornando miseráveis todos os outros. E isso é um contrassenso como verificamos.
1 Almeida, José de e César, José Júlio – Antelóquio em Apontamentos para a Monografia da Guarda, Abril de 1940, Edição da Câmara Municipal da Guarda, Guarda, 1940, pp. V-XX, p. VII.