TIAGO FERNANDES. FOTO DR

Está quase a fazer dois anos que Tiago Fernandes, de 29 anos, deixou Cantanhede e rumou a Birmingham (Inglaterra).

Licenciado em Engenharia Mecânica, no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), o jovem está agora a trabalhar na Jaguar Land Rover (JLR). Trata-se de mais um exemplo de emigração jovem, com qualificações, que é vítima das pobres condições de emprego que existem em Portugal.

“Os motivos que me levaram a emigrar foram a progressão na carreira e o desafio de trabalhar noutro país”, revela ao DIÁRIO AS BEIRAS, explicando que se trata de uma empresa de referência e de forte expansão.

Em Portugal, Tiago Fernandes estava a trabalhar na Volkswagen Autoeuropa, “uma empresa que pratica salários acima da média e oferece muito boas condições de trabalho, no entanto, a oportunidade de progredir surgiu mais cedo”. O jovem não olhou para trás e decidiu arriscar e sair da sua zona de conforto.

No próximo mês de setembro faz dois anos que se encontra radicado em Birmingham. “A facilidade de adaptação é sempre relativa”, conta, quando o questionam sobre o processo de adaptação ao novo país. As diferenças que mais destaca são o facto de ter que lidar diariamente com uma moeda diferente, com a condução, que é feita à direita, e as leis do país, que também são diferentes.

“Apesar da língua inglesa não ser estranha, tem dezenas de sotaques diferentes e expressões idiomáticas que nos são alheias”, acrescenta. Porém, segundo Tiago Fernandes, foi a força de vontade, a ambição e o prestígio da empresa onde trabalha que “tornou tudo mais fácil”.

“Um país de oportunidades”

Tiago Fernandes foi desafiado a comparar a situação dos dois países, Portugal e Inglaterra. “Poderia escrever horas sem fim acerca das diferenças entre os dois países”, assume. Para além das “diferenças óbvias do clima e do poder económico”, o jovem cantanhedense revela que Inglaterra é um país organizado, com muita indústria mas, ao mesmo tempo, “com muitos espaços verdes devido ao clima húmido”.

Inglaterra congrega uma grande variedade de culturas, “especialmente Birmingham, cidade onde resido, que contém mais de 100 nacionalidades diferentes”. Já Portugal, na visão de Tiago Fernandes, trata-se de um país “mais desequilibrado” onde os poderes e a maioria da população está concentrada junto ao litoral, especialmente Lisboa e Porto. “Existe um fosso cada vez maior entre ricos e pobres e com esforço financeiro cada vez maior para a grande maioria”, considera ainda.

Porém, o jovem aproveita para falar de Portugal como um “país com uma beleza incrível, praias memoráveis e uma gastronomia fenomenal”. “Não é por acaso que, cada vez mais, ingleses vão para Portugal e se apaixonam pelo país”, admite. “Inglaterra é, sem dúvida, um país de oportunidades e que recompensa aqueles que excedem os seus limites”, admite.

Tiago Fernandes considera que Portugal tem capacidade para ter as mesmas oportunidades de Inglaterra, mas “tem que se remar para o mesmo lado para se atingir o mesmo fim”.

Objetivo será regressar

Tiago Fernandes conta que visita Portugal, pelo menos, três vezes por ano. Do que sente mais saudades? “Do sol, praia e, sem dúvida, da comida e do nosso subestimado vinho”, responde.

Ao DIÁRIO AS BEIRAS, o cantanhedense equaciona a possibilidade de regressar, mas só se “surgir uma boa oportunidade”.