“O que mais me custou foi a alimentação”

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MANUEL MILAGRE. FOTO DR

MANUEL MILAGRE. FOTO DR

Manuel Milagre é um dos mais recentes “mestres” da Universidade de Coimbra em Engenharia Civil.

Durante dois anos, foi funcionário da ISA tendo encabeçado o projeto de iluminação pública em leds para a sua cidade. Quando a empresa se preparava para avançar coma renovação do contrato, reparou que nada o prendia a Coimbra e a Portugal.

“Depois de ter estudado no Brasil, no âmbito do programa Erasmus, fiquei com o bichinho de ir trabalhar para fora de Portugal”, recorda. Foi então que realizou algumas pesquisas na Internet tendo chegado à holding MBA Empire.

Sediada em Inglaterra, a consultora tem crescido nos últimos anos, estando neste momento a “trabalhar” em países como a República, Checa, Eslováquia, Roménia, Ucrânia, Rússia, Cazaquistão, Índia, China e Indonésia. “Acabei por ter sorte pois candidatei-me numa altura em que eles precisavam de alguém que falasse português e, simultaneamente, fosse europeu”, disse.

Por outro lado, a holding tinha acabado de abrir a sucursal da Índia. Foi em Nova Déli que chegou em novembro passado.

Apoiado pelo CEO de naturalidade eslovaca, Manuel Milagre foi submetido a uma formação intensiva de seis meses para que, no início de 2016, possa abraçar um dos seus maiores desafios profissionais: “abrir a sucursal da MBA Empire no Brasil”.

“Todos os dias sou submetido a diversos desafios onde tenho de me superar sempre”, garante.

Mas antes de viajar para o “país irmão”, Manuel Milagre tem de passar um mês na sucursal da Rússia e outro mês na sucursal da China. Estas viagens vão obrigá-lo a ter de prescindir de passar alguns dias de férias em Portugal no mês de agosto. “Talvez só no final do ano”, afirma.

Para este consultor, são algumas as saudades do país. Mas esta “deslocação” ajudou a olhar de outra forma para Portugal e, principalmente, para Coimbra.

Trânsito caótico

Apesar do balanço ser positivo, Manuel Milagre teve de se adaptar a uma diferente realidade. Desde logo, a alimentação. “Gosto muito de comida indiana, mas para ser honesto a higiene alimentar é algo que não é levado muito a sério”, recorda. A solução passa por ter um cozinheiro para comer “por sistema comida caseira” ou, caso se pretenda comer algo “100% sem especiarias”, ir a espaços como a McDonald’s ou “mandar vir” uma Pizza, comenta.

Depois, o trânsito. No início, demorava 45 minutos de “tuk tuk” para chegar ao local de trabalho. Depois, foi morar para uma zona mais longínqua em que era obrigado a andar uma hora de carro. “Agora, e porque a empresa me arrendou uma casa “muito perto” do escritório, só demoro 25 minutos, se chover, 45”, afirma.

Quanto à língua, o jovem conimbricense refere que, em termos profissionais, “todos falam inglês, ainda que com um sotaque que requer algum treino para o ouvido”. O pior é mesmo junto da população “menos educada” cuja maioria “arranha, e mal, a língua inglesa”. Mas com o passar dos meses já aprendeu algumas das palavras fundamentais em Hindu para viver sem problemas em Nova Déli. “Principalmente, quando preciso de regatear alguma coisa”, frisa.

Apesar destas contingências, Manuel Milagre sugere aos jovens licenciados para olharem bem para aquele país que considera ter “muitas oportunidades, uma vez que está a crescer 6% ao ano”. “As condições de vida são muito melhores do que se pensa e, apesar de existir pobreza, o estrato social mais cosmopolita de uma população de 1.2 mil milhoes de habitantes, tem obviamente imensas pessoas com quem se tem muito a aprender”, conclui.

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