Quando há dez anos José Sócrates foi eleito, muitos acreditaram que seria um primeiro-ministro assisado e que tudo ia correr bem, e, infelizmente, apesar dos sobressaltos que o poder sempre causa, cumpriu-se o adágio: “Se queres conhecer o vilão, mete-lhe a vara na mão”. E agora já o conhecemos.
Pouco tempo estava decorrido após a sua posse, quando a sua Ministra da Educação desatou a castigar os professores com exigências de forma incomum, que nada tinham a ver com a Pedagogia, demonstrando uma estranhíssima má vontade contra uma classe que no geral cumpria com os seus deveres. Reinventou as aulas de substituição e infelizmente, alguns professores sem saber e brio profissional aceitaram esta novidade, sem que isso trouxesse mais-valia ao ensino como desenvolvimento de aptidões dos alunos. Nada batia certo com a ideia antiga em Coimbra, que fazia com que “Igualmente a Escola industrial Brotero é muito concorrida, desenvolvendo-se ali de um modo admirável as aptidões dos alunos, o que será de vantagem enorme para as diferentes indústrias de Coimbra, como já se vai reconhecendo”, combatendo-se assim o desemprego .
Alguns achavam muito bem pensadas as ideias do Senhor Primeiro-Ministro, que logo inventou para bater certo com a sua licenciatura umas novas oportunidades, que se transformaram em mais uma fraude, tal como já o tinham sido as unidades capitalizáveis, que encheram as Universidades com alunos “vintados”, ou seja, corridos a vintes sem qualquer aferição nuns colégios vagabundos, defraudando as legítimas expetativas dos alunos do ensino regular.
Para complicar, a Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação aceitou como boa a Ideia das Novas Oportunidades, enchendo o seu Congresso de Bragança em 2009, com dúzias de comunicações sobre a Pedagogia segundo Sócrates. As universidades e os politécnicos fizeram o mesmo. Nenhuma escola superior questionou a elevação a professor titular de uns senhores com carreiras burocráticas sem qualquer avaliação, preterindo professores que davam aulas porque sabiam ensinar.
Como bem perto da Covilhã, Sócrates aprendeu antes a fazer obra grande para encher contas na Suíça, como sabemos através dos jornais, eis que inventou a Parque Escolar, para fazer obra mal feita favorecendo os amigos ao blindar a forma de contratar “empresas amigas” para que mais ninguém entrasse no negócio. Queixou-se um empresário meu conhecido. Isto e muito mais como abstrusidade o supercrítico Nuno Crato manteve e refinou, mostrando que de Pedagogia só sabia o ruído da música mal afinada dos antecessores.
Agora que nos aproximamos de um tempo de reflexão, num tempo em que todos os portugueses são chamados a avaliar os governos que nos levaram a este tempo de desesperança, espero que os culpados não persistam em votar nos mesmos.
Sigamos o exemplo dos gregos. E não é preciso sermos heróis.
Só é preciso ter bom senso.
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