Opinião – 1994

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Gonçalo Capitão

Gonçalo Capitão

A descarada imitação do título de Orwell acrescido de uma década serve que nem uma luva para o meu fim: assinalar com gosto e honra que no dia 19 de Dezembro de 1994 (cito a data de cor), saía no Beiras o meu primeiro artigo. É fácil concluir, por isso, que, no passado mês de Dezembro, passaram 20 anos desde que me tornei colaborador do “nosso” jornal.

O próprio início é em si uma história… Havia quem achasse que eu – na altura Presidente da Comissão Política Distrital da JSD – tinha queda para o uso da palavra e que devia, por razões políticas, começar a escrever textos de opinião. Sucede que decido escrever uma espécie de fábula intitulada “A história do coelhinho Aníbal”, algo que foi visto em Coimbra como pouco concordante com os cânones opinativos da elite bem pensante.

Eis senão quando o Diário “As Beiras” entende que a jovialidade do seu projecto casava bem com um estilo de opinião diferente, assim começando uma caminhada de mais de duas décadas.

Pelo meio ficam as polémicas com Paulo Penedos e Ricardo Castanheira (que hoje tenho por amigos, e que lideraram a Juventude Socialista “no meu tempo”) e múltiplas prosas apontadas ao meu “alvo fetiche”, o Dr. Manuel Machado, entre muitas outras temáticas.

A propósito das polémicas com o Ricardo Castanheira (hoje dono de uma notável carreira profissional, demonstrando que a política deve ser uma actividade cívica e não uma dependência, como venho defendendo), relembro duas notáveis primeiras páginas da autoria, se não me equivoco, do também amigo e jornalista de créditos firmados, Paulo Marques: a primeira titulava “Capitão Fantasma contra Rapaz Castanhada”, na sequência de uma troca de galhardetes ao estilo “Marvel”. A segunda continha um eloquente “Capitão ‘ping’; Castanheira ‘pong’”.

Usando uma expressão que, um dia, me dirigiu o Dr. Laborinho Lúcio, creio que ambos ganhámos em elegância, sem perder em contundência. Coisas da juventude…

Ao longo de tantos anos, ficam o orgulho e a honra de ter colaborado num jornal que inovou no estilo, mantendo a salutar missão de informar, num serviço verdadeiramente público, desde logo pela cobertura regional que sempre assegurou.
E fica também uma ficha técnica de novas amizades.

Pedindo desculpa pelos nomes de que, necessariamente, me esquecerei, relembro estimados amigos que tiveram a paciência de entrevistar-me, de descrever-me e de publicar-me, sentindo eu que muito do meu percurso público não seria o mesmo sem o Beiras: Eduarda Macário (excelente profissional e amiga leal), Paulo Marques (uma das mais temidas penas por cujo crivo tive que passar; homem de inteligência fina), Luís Santos e Nuno Nossa (amigos da “velha guarda”), a incansável e contagiante Guadalupe Keim, a Dora Loureiro (com quem nunca troquei muitas palavras, mas cuja “companhia” fui apreciando silentemente) e a Rute Aguiar de Melo (cuja devoção à Briosa me merece uma vénia e promessa de eterna amizade).

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