Opinião – Portugal mais competitivo?

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Gil Patrão

Gil Patrão

Qualquer organização, para progredir, tem de ser competitiva. Organizações são pessoas. Estas carecem de motivação para trabalharem e são, de forma geral, sensíveis a estímulos acrescidos, para se empenharem decididamente em criar mais valor, fruto da capacidade de trabalho individual. Se algumas organizações perseguem fins económicos, outras há cujo âmbito de atuação é social, mas como todas consomem meios financeiros no exercício das suas atividades, competitividade é conceito aplicável a qualquer organização, de qualquer setor de atividade.

Não existem organizações sem hierarquias e até as que praticam a autogestão evidenciam que em qualquer equipa de trabalho há quem exerce a liderança. Capacidade que uns têm, e outros não! Dizem certos ideários que quem exerce a chefia duma equipa de trabalho não precisa de ser melhor remunerado, mas se a motivação não for monetária, virá doutro tipo de valores, sob pena de estagnação das equipas que lideram e das organizações em que trabalham.

As estruturas produtivas obrigam a um rigor de gestão que não se compadece com amadorismos na organização do trabalho. Equipas de trabalho eficientes e eficazes são lideradas, em primeira linha, por chefias intermédias, imprescindíveis para o enquadramento e motivação dos restantes trabalhadores, por o exemplo, determinação e valor humano de quem trabalha ao nosso lado, ser muito superior ao que provém da orientação e diretrizes de quem dirige as organizações mais à distância, seja em conselhos de gerência ou de administrações.

Se um treinador de futebol carece dum capitão que lidere e puxe pela equipa dentro do campo, qualquer gestor precisa de quem motive e oriente quem labora em qualquer organização, pública ou privada, para que o trabalho seja de melhor qualidade, mais eficaz e extremamente eficiente!

Mas o que fizemos, nos últimos 40 anos, para promover as chefias intermédias deste País? Destruímos o ensino técnico, por não promover a igualdade de oportunidades, mas não criámos um ensino profissionalizante motivador, que conduza os jovens às melhores opções profissionais. Menosprezámos opções de ensino que habilitam ao exercício de profissões de retorno económico rápido e com valor social, conduzindo a juventude a ingressar, de qualquer modo, no ensino superior.

Desprezámos o valor do trabalho mais físico, sem conseguir que a sociedade absorvesse os que atingem qualificações de nível superior. Sem critérios tendentes à evidenciação de capacidades individuais no ensino obrigatório, afrouxámos continuadamente a exigência no secundário, e permitimos chocante falta de seletividade no ingresso em cursos superiores, e nem aqui cultivámos a exigência, para atribuir o “canudo”.

Foi por trilhar tais caminhos que Portugal não é hoje um País muito mais competitivo. O exposto não é consensual porque, para alguns, defender uma cultura de exigência está desfasado dos valores e sentir da Alma Lusitana! Entendo esta visão como redutora, retrógrada e simplista da realidade e contesto o facilitismo e acomodação que persistam em qualquer pessoa, ou organização, por o progresso resultar do esforço individual, ampliado pela capacidade de trabalhar coletivamente, em busca de maior igualdade económica e social.

Progresso que nasce do esforço e determinação de cada um, cresce por cultura globalmente exigente, que torne as organizações mais competitivas e obriga a formar trabalhadores, chefias intermédias e quadros superiores motivados e dotados de espírito vencedor! Sobretudo, atingir o progresso impõe a todos nós, sabermos escolher quem deve liderar o País, com verdade e rigor!

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