Opinião – Será melancolia?

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Aires Antunes Diniz

Aires Antunes Diniz

De há uns dias para cá os portugueses foram confrontados com a realidade da perversidade da política nacional, bem expressa pela prisão dos implicados nos vistos dourados e mais recentemente pela prisão de José Sócrates e demais gente.

Até agora os portugueses tinham mantido a postura a que a Salazar os tinha formatado: a aceitação da ideia de que o Poder tem sempre razão e quem protesta nunca a tem. Também os militantes de topo dos partidos da governação tudo fizeram para calar e silenciar as vozes dissonantes, pouco se sabendo das maleitas que os partidos do arco da governação nos vão impondo como pântano pestilento.

Aconteceu com a intervenção da Parque Escolar em muitas Escolas, onde muito e demasiado se gastou para resolver problemas que não eram tão graves como os descritos por Luís Teixeira, quando a propósito de António Sardinha escreveu: “Foi por um melancólico dia de Outubro, ao abrir das aulas, que nos encontrámos sentados, lado a lado, no mesmo duro banco do Liceu. Oh, o horrendo Liceu de Coimbra, o lobrego casarão feito de intimidantes medos e de sombras mortas, onde até o Sol se apagava ao bater nas vidraças e que dá ainda arrepios só de o recordar!”( 1 ).

De facto, as soluções de engenharia e de arquitetura aplicadas pela Parque Escolar, uma “invenção” de Sócrates, foram na generalidade catastróficas. E só não foram travadas por os professores terem sido antes amedrontados e colocados em estado de choque por alguém, que é bem conhecido como “animal feroz”, e que agora um seu companheiro de partido justifica o seu não apagamento da história da sua agremiação por esta não ser um partido estalinista.

Trata-se de pura demagogia anticomunista pois nada apagará a passagem desta invenção de José Sócrates por Escolas como a Brotero pois desapareceram também as árvores e a solução arquitetónica foi desastrosa. Por isso, a preocupação da sua direção é colmatar entre outras coisas as inundações que continuam a incomodar o seu funcionamento.

Na Guarda, no antigo liceu há continuados problemas com a chuva e a neve, assim como desapareceram demasiados documentos do seu arquivo, bem como se estragaram muitos livros pois foram mal acautelados durante as obras. E a razão foi a obscena incapacidade dos técnicos da Parque Escolar e das empresas que contratou para as obras. E como são muitos os casos de negligente incompetência, fico por aqui.

Espero agora que os tribunais façam o trabalho necessário para que tragédias como esta não se voltem a repetir.

( 1 ) Citado em Cruz Malpique – Notas sobre o Lirismo Aristocrático e Franciscano de António Sardinha, Separata das Revista Gil Vicente, Guimarães, 1966, p. 4, que o retirou de Luís Teixeira “Primeiras e últimas lembranças de António Sardinha. Palavras proferidas no ágape de 25 de Outubro de 1924, oferecido a A. Sardinha. Cfr. Cidade Nova, n.º 5, Coimbra, 1951.

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