Álvaro Santos Pereira, desta vez através do lançamento do seu último livro, regressou à análise político-económica e justificou as suas evidentes dificuldades governativas com boicotes, oposições e rasteiras de colegas do governo, que o impediram de cumprir alguns objetivos.
Já antes o ministro Vítor Gaspar na sua despedida escreve uma carta de revolta com a estratégia seguida e que impediria a saída rápida da crise.
Álvaro, há anos afastado do país, na docência universitária no Canadá, sem experiência política, mas ativo na blogosfera, ficou deslumbrado pelo convite para ministro, não se deu conta das suas limitações e sobretudo não entendeu nunca o papel da atividade política. Tinha resposta para todos os problemas mas sempre surgiam terceiros a impedir o avanço de soluções.
É verdade que se confrontou com o mais temido ministro deste governo, Paulo Portas, sempre ávido de protagonismo, mas sempre no centro das crises.
Álvaro, enquanto governou esteve sempre na oposição, primeiro ao governo anterior depois a Portas, aos ministros das finanças, à troika, BP, etc. Só escaparam aqueles que foram remetidos para as prometidas memórias a publicar mais tarde.
Hoje escreve aquilo que recusava admitir, não ter tido peso político. Reconhece agora que não teve força para evitar a subida do IVA na restauração, para financiar as empresas, para descer o IRC para novos investimentos, para travar subida de impostos, para fazer um choque fiscal para o interior e até para evitar a saída da AICEP do ministério da Economia.
Este último facto merece reflexão sobre se a estratégia da internacionalização e do fomento das exportações deverá deixar de ser conduzida pela economia e passar para os negócios estrangeiros e ao mesmo tempo analisar a justificação, para a separação do IAPMEI, que apoia as empresas, do mercado nacional e a AICEP no estrangeiro.
Álvaro repete o que Gaspar já dissera, assim não vamos lá. Com um enorme ego, Santos Pereira considera-se um reformador embora demonstrasse incapacidade para gerir um mega ministério, com uma orgânica discutível e que se desmantelou logo que ele saiu.
Sem poder, sem capacidade política, sem conhecimento das empresas portuguesas foi o ministro útil para aceitar pacificamente os cortes ditados mas sem capacidade para por a economia a mexer.
Fica o livro autoelogioso e os erros para o próximo governo meditar.
3 Comments