Opinião – Peste política

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LUCILIO CARVALHEIRO

 

Nunca se tinha visto nada do género nem ouvido falar da pseudo-organização de um Governo PSD/CDS, que consegue terminar a legislatura. O que sei é que já delapidou os activos estratégicos nacionais, encaixando 10.000 milhões de euros; que aumentou colossalmente os impostos; que o défice orçamental, sem gastos públicos de contra-ciclo económico, não diminui; que a dívida pública já vai nos 135% do PIB; que a eficácia dos serviços públicos já dá sinais de colapso – o CNP é um exemplo – convidando-me a fundamentar umas divergências encontradas e oito meses passados aos “costumes continua a não dizer – NADA”.

De modo que sendo este Governo uma peste política vai ao ponto de se tornar uma epidemia que a todos nos arrasa.
Há dias, pegando no caso BES, o Governo alardeava que era um assunto da actividade privada, mas… lá meteu o dedo e colocou “gente sua”, o Dr. Vitor Bento, e por um triz não colocou o Dr. Paulo Mota Pinto. O resultado está aí à vista de todos. Mas parece que não chega: quer a venda do banco o mais depressa possível. Há muita interferência à sombra, senão na decisão factual, ao menos no discurso implicatório.

Ora, o Tesouro do Estado emprestou 3,9 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução, recebendo uma remuneração do capital (juros) – acção política. É da responsabilidade do Fundo de Resolução (sendo contribuintes líquidos os bancos e operadores financeiros) saldar o empréstimo – acção comercial. Quererá isto dizer que só aos gestores do Fundo de Resolução cabe a competência para decidir do futuro do Banco. O Governo deve, pois, abster-se de opinar sobre o caso de um modo definitivo.

E tudo isto acontece porque o Partido Socialista – maior partido da oposição –, liderado pelo Dr. António José Seguro, um filho da mesma mãe política – as juventudes partidárias -, está infectado pela peste. Também ele, o Dr. Seguro, não tem qualquer substracto político são. Utiliza a demagogia para sobreviver no partido. Agora, acossado pelo tratamento terapêutico que o Dr. António Costa quer dar ao partido e à oposição, esquece o que fez ao Dr. Apolinário, esquece o que o fez ao Eng. Sócrates, considera-se uma vítima, cavalga a onda do populismo e aproveita-se – julga que vai aproveitar-se – dos sentimentos primários do eleitorado socialista.

Pois bem. Portugal está a viver em permanente desvario; os eleitores caminham ao sabor das manchetes do tablóide nacional – o jornal diário mais vendido em banca – e os homens públicos, Passos Coelho, Paulo Portas, António José Seguro, parece julgarem que podem defender o supremo bem da política com tiradas demagógicas e/ou discurso populista.
Eis o drama que muito bem vê o Dr. António Costa. Não estamos desatentos a ele. Sentimos no momento dificuldade em adoptar, no ponto preciso do tratamento, as soluções justas que se impõem; mas continuaremos a tentar fazer o possível, na esperança de chegarmos a tempo de salvar Portugal da peste política que se pode tornar uma epidemia incontrolável.
Oxalá o Dr. António Costa vença e venha a revigorar o sentido de Estado, o sentido da Política.

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