Opinião – Encontros Mágicos

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Elsa Ligeiro

Elsa Ligeiro

Caro Luís de Matos, quero felicitá-lo pelo seu trabalho, 18 Encontros Mágicos na cidade de Coimbra é um feito digno de Harry Potter. Não leia nas minhas palavras qualquer ironia, leia antes um pedido de ajuda.

Conheço-o superficialmente mas, creia-me, dedico-lhe grande estima e apreço, o mesmo não digo dos espectáculos de ilusionismo (em geral) que considero um entretenimento fútil. Desde criança que cartas ou coelhos a saírem da cartola não me divertem.

A culpa é só minha, eu sei, que fui contaminada muito cedo pelo romance e pela poesia, artes demasiado densas para este séc. XXI.

Mas, juro, que apesar do ilusionismo ser um espectáculo de rua ou sala que não aprecio, defenderei com todas as minhas forças o direito do Luís realizar, pelo menos, mais 18 Encontros Mágicos em Coimbra (ler Voltaire na adolescência marca-nos para sempre).

E também não pense que se trata de uma questão pessoal, se os Encontros de Fotografia (de que gosto muito) voltassem, também escreveria ao Albano da Silva Pereira a pedir conselhos. Pois é disso que se trata: como se faz? O que é necessário para conseguir apoio da Câmara Municipal de Coimbra?

Em Abril de 2003, produzi em Coimbra, na Alma Azul, com o apoio da Câmara Municipal, um Encontro de Poetas Espanhóis com a presença de Antonio Sáez Delgado (professor, poeta e tradutor, e Prémio Eduardo Lourenço 2014 ); de Martin López-Vega, poeta, e crítico no diário El Mundo, de Madrid; e do jornalista, poeta e crítico literário, no suplemento Babelia, do diário espanhol El País, além de poetas portugueses.

Foi um trabalho de hércules, porque apesar dos meios limitados para um Encontro destas características, desenvolvemos o projecto com alto grau de eficácia, visitando também Castelo Branco, Alpedrinha e Póvoa de Atalaia, Fundão, aldeia onde nasceu Eugénio de Andrade.

Sobra desse Encontro de Poesia Alma Azul, uma Antologia de 20 Poetas Espanhóis do Séc. XX que posso oferecer-lhe.

Só que depois deste intenso trabalho, nada mais consegui (de substancial) da Câmara Municipal de Coimbra.

Imagine que em Janeiro deste ano fui à Câmara entusiasmadíssima com o Festival de Língua Portuguesa: A Língua Toda, projecto em que trabalho há cinco anos, e sabe o que a vereadora da Cultura me disse?

Que achava o Festival de Língua Portuguesa da Alma Azul um projecto muito interessante mas não tinha um só euro para o apoiar. Zero euros foi o que me ofereceu, e uma sala do Edifício Chiado para a Leitura de um conto do escritor brasileiro Raduan Nassar, no Dia Mundial do Livro.

O Festival de Língua Portuguesa realizou-se, mas tive que substituir a falta de euros por muito suor e o trabalho cúmplice dos amigos. E deixar para 2015 algumas das ideias mais criativas que envolviam outros meios para transformar Coimbra numa cidade literariamente relevante no universo da Língua Portuguesa.

Caro Luís, quero realizar com a Alma Azul, de 21 de Março a 23 de Abril, em Coimbra, o Festival A Língua Toda 2015, porque estou convencida que a Alma Azul o poderá realizar com enorme profissionalismo, e porque servirá para valorizar Coimbra como cidade literária de excelência.

É por isso que necessito da sua ajuda. E é só por isso que lhe escrevo.

Como é que o Luís consegue? A quem é preciso explicar o valor da promoção do património literário que a Alma Azul tem desenvolvido, em Coimbra, desde 1999? Que língua ou dialecto necessito de usar para que o poder municipal de Coimbra reconheça a força e o empenho do trabalho da Alma Azul?

Agradeço resposta urgente através deste jornal, pois temo não ser a única a necessitar dos seus conselhos.

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